Opinião

A saúde em estado terminal

A situação da saúde pública em Guarulhos beira o caos. Se já não bastassem os problemas, de tão comuns e que já se tornaram corriqueiros, do dia a dia, como falta de médicos nas Unidades Básicas de Saúde, filas nos hospitais em busca de atendimento pelo Sistema Único de Saúde, demoras para realizar exames laboratoriais, entre outros, junte-se agora a iminência do fechamento de um hospital conveniado – o Stella Maris -, o início da greve dos servidores municipais da saúde, na próxima segunda-feira e, como não poderia deixar de ser, as dúvidas que pairam em torno das mortes de 14 crianças no Hospital Municipal da Criança, no período de dois meses.


Ou seja, quem precisar de atendimento médico público nos próximos dias tende a sofrer um pouco mais do que já é habitual. O pior, neste momento, é o descaso demonstrado por boa parte da classe política, revelada pela omissão da maioria dos vereadores guarulhenses, que se negam a investigar as causas das mortes das crianças no hospital municipal. Por mais que uns e outros argumentem que o caso está nas mãos do Ministério Público e que a Vigilância Sanitária Estadual já esteja atuando no caso, é papel da Câmara acompanhar por meio de uma Comissão Especial de Inquérito possíveis deslizes praticados por agentes públicos.


No caso do HMC, a situação é ainda mais crítica pelo fato do titular da Secretaria Municipal da Saúde ser ninguém menos que o vice-prefeito de Guarulhos, Carlos Derman (PT). Caso realmente tenha ocorrido algum tipo de negligência naquele hospital, conforme afirmam vereadores que querem a investigação, baseados em laudos da própria Vigilância Municipal, a omissão da Câmara demontra uma submissão descabida do Legislativo perante o Executivo.


Não é de hoje, aliás, que a gestão da saúde municipal deixa a desejar. Há dois anos e meio no cargo, Derman não conseguiu melhorar em nada o sistema, considerado ainda um dos maiores problemas do município. O atendimento nas unidades básicas segue precário, a insatisfação dos profissionais da área é tão grande, que uma greve deve piorar ainda mais o atendimento a partir da próxima segunda-feira. Aliás, o movimento ocorre justamente pelo fato da Secretaria ter criado um plano de cargo e salários apenas para os médicos. Os servidores não obtiveram a mesma conquista e agora tentam mostrar força. Pena que é a população quem pagara essa pesada conta.

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