Opinião

BNDES joga o social no ralo

Os consumidores brasileiros se preparam para pagar  a maior conta de supermercado de suas vidas. A propagada fusão entre Carrefour e Pão de Acúcar, além de significar um golpe na concorrência, que – em tese –  gera uma disputa salutar de preços, só será efetivada com pesados investimentos por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma instituição financeira que gere recursos públicos, que devem ser voltados – como o próprio nome diz – no desenvolvimento do país.


A fusão entre as duas maiores redes de hipermercado do país só se concretizará com o uso de dinheiro público, coletado dos impostos. Ou seja, será a população financiando grandes grupos econômicos privados, que não têm qualquer caráter social, já que – de forma natural – visam lucros. De forma enviesada, Luciano Coutinho, presidente do BNDES, justifica as práticas do banco no modelo desenvolvimentista de planejamento econômico. “É absolutamente natural que, na expansão dessas empresas, o BNDES, em condições de mercado, possa apoiar essas oportunidades”, afirma.


Porém, ele não consegue convencer como o Brasil, de forma geral, pode se beneficiar desse investimento biolionário. Dizer que a participação de um grande grupo brasileiro em um grande conglomerado internacional, que será gerado com a fusão, facilitará a exportação de produtos nacionais, é balela. Há diversas outras formas de se incentivar a produção nacional, sem precisar dispender tanto dinheiro público.


Mesmo que essa tese fosse verdadeira, há ainda um mal maior à economia interna. Por mais que os dois – Carrefour e Pão de Açúcar – garantam que não haverá demissões após a fusão, em muitas cidades – inclusive em Guarulhos – as duas marcas contam com lojas em áreas muito próximas. Será natural que algumas delas venham a ser fechadas, causando a dispensa de grande parte de seus colaboradores. Ou alguém pode acreditar que eles manterão lojas abertas apenas para jogar dinheiro fora, só para manter os empregos? Óbvio que não.


Diferente de um investidor privado, o BNDES não irá a falência caso suas decisões se mostrem equivocadas. Quando uma empresa subsidiada pelo BNDES quebra, quem acaba ficando com a conta são os consumidores. É o socialismo invertido, em que o lucro é privatizado e os prejuízos socializados. Ora, o governo federal, ao patrocinar a fusão, está – no fim das contas – jogando contra o país. 

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