Vou brigar até o fim contra corte na Agricultura, afirma ministra

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou ontem que vai brigar até o último momento contra os cortes no Orçamento de sua pasta para este ano. A redução de gastos em vários ministérios foi a forma encontrada pelo governo para engordar o caixa dos ministérios da Infraestrutura e do Desenvolvimento Regional, responsáveis pelo Pró-Brasil, o plano federal de investimentos em infraestrutura. No caso da Agricultura, o pedido é de corte de R$ 250 milhões.

"Não estou feliz com isso", disse Tereza Cristina, que participou do <b>Estadão</b> Live Talks, evento realizado em parceria com a Tendências Consultoria Integrada. "Não é justo tirar dinheiro da Agricultura." Segundo ela, a medida poderia levar a Embrapa a ficar sem recursos. A pesquisa e a regularização fundiária, que são prioridades no governo, também seriam prejudicadas. "Estamos discutindo com o governo, e também levamos a questão para deputados e senadores", disse. "Vamos brigar até o último momento. Eu sou pequenininha, sou quietinha, mas eu brigo duro."

A live foi a segunda de uma série de debates organizada pelo <b>Estadão</b> para identificar as alternativas para o Brasil reaquecer sua economia após os estragos provocados pela pandemia do novo coronavírus. Tereza Cristina respondeu a perguntas da diretora-presidente da Tendências, Elizabeth Farina, e da jornalista e colunista do Estadão Eliane Cantanhêde.

<b>Arroz</b><b>

Questionada sobre a disparada dos preços de alguns itens de cesta básica nas gôndolas dos supermercados, em especial do arroz, Tereza Cristina avisou que, apesar dos esforços do governo em negociar com produtores e zerar tarifas de importação até dezembro, o atual patamar de preços só deve baixar mesmo a partir de 15 de janeiro, quando entrar a safra brasileira. "E tudo indica que será uma safra muito boa, pelo que estamos vendo. Teve aumento de área e deve ter de produtividade", afirmou.

A ministra descartou que o governo vá intervir de forma a segurar artificialmente os preços no mercado para favorecer o consumidor. Segundo ela, o movimento de alta nos insumos deve-se a um aumento do consumo na pandemia, aliado às exportações e aos baixos estoques atuais.

Segundo ela, o que o governo pode e tem feito foi ampliar o acesso ao produto produzido no exterior, zerando a tarifa de importação de fora do Mercosul, o que ela destaca ser o suficiente para garantir o abastecimento interno. "Retirar a tarifa de importação é uma reserva técnica que o governo tem", destacou. "Intervenção sobre preços é muito ruim. Sou absolutamente contra. Já vimos isso e nunca funcionou. Ao contrário, o preço acaba subindo."

<b>Questão ambiental</b>

Um dia após se reunir com o vice-presidente Hamilton Mourão para discutir medidas do governo para coibir o desmatamento na Amazônia, a ministra da Agricultura disse que o meio ambiente e o agronegócio precisam caminhar juntos no Brasil. "O agronegócio bom é o que preserva."

Questionada sobre a cobrança de empresas, organizações e investidores para que o governo intensifique sua atuação em torno da pauta ambiental, a ministra afirmou que, do ponto de vista da iniciativa privada, "o produtor sabe que conservação é fundamental para o seu negócio". Do ponto de vista do governo, reiterou que o País já dispõe de legislação ambiental eficiente.

"O País tem bons exemplos, como o Código Florestal, que trouxe bom senso e equilíbrio", afirmou. "Temos de ter a obrigação de cumprir a lei, isso é fundamental para o agronegócio." Com relação aos "malfeitos" na área, referindo-se aos casos de desmatamento, ela afirmou que é preciso corrigir isso.

Como o <b>Estadão</b> mostrou, 230 organizações e empresas ligadas às áreas do meio ambiente e do agronegócio enviaram ao governo um conjunto de propostas para deter o desmatamento na Amazônia. Além disso, países da Europa já condicionaram a manutenção de compra de produtos brasileiros a mudanças na política ambiental.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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