Opinião

Faltou respeito com o Novo Portugal

O decreto da presidente Dilma Roussef, assinado na última segunda-feira, que determina a desapropriação de 594 famílias que vivem no Jardim Novo Portugal, localizado ao lado do Aeroporto Internacional de Guarulhos, deveria colocar fim a uma novela que se arrasta há décadas. A região, que foi ocupada de forma desordenada, em uma área muito próximo ao parque aeroportuário, pela condição da iminiente desocupação, sempre viveu à margem das atenções dos diferentes prefeitos que passaram pelo Bom Clima ao longo dos últimos 20 anos.


As pessoas que vivem ali ou mantém estabelecimentos comerciais nunca puderam ter a certeza de que poderiam construir um futuro no local. Aliás, a falta de definição por parte do poder público fez com que aquela população vivesse à sombra da sociedade. O bairro deixou de receber benfeitorias, já que – até 2007 – era certo que desapareceria para dar lugar à terceira pista. Aliás, o município acabou perdendo essa benfeitoria, que traria uma série de novos investimentos e – consequente – desenvolvimento econômico.


De forma lamentável e numa decisão unilateral do ex-presidente Lula, veio a decisão pela não construção da terceira pista, na época – inclusive – bastante festejada pelo então prefeito Elói Pietá (PT), que deu garantias àquelas famílias que jamais viriam a ser desapropriadas. Dizia – inclusive nas campanhas eleitorais de seu partido – que estava ao lado do povo e não permitiria que eles perdessem seus imóveis.


Porém, apesar de Guarulhos – como um todo – perder a terceira pista, o que gerou perda de receita com a chegada de novos investimentos, os moradores do Novo Portugal permaneceram esquecidos. Desde então, as incertezas em relação ao destino deles só aumentou. Agora, da noite para o dia, para surpresa – provavelmente – até da Prefeitura de Guarulhos, a presidente decreta a desapropriação sob o argumento de precisar da área para a construção de uma pista de táxi aéreo.


Hoje, sem planejamento habitacional algum, as famílias que ali vivem deverão deixar suas casas para dar lugar a uma pista de táxi aéreo? E como ficam os interesses da sociedade local? Ninguém vai se manifestar? A única coisa positiva neste imbróglio todo é que as famílias do Novo Portugal não serão enroladas mais. Já sabem, pelo menos, que ali não poderão permanecer. Mas isso só se houver bom senso neste processo de desocupação.

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