Opinião

Outro ministro “inocente” se vai

Lamentável, mas não é possível deixar passar o fato de mais um ministro do governo Dilma Rousseff perder o cargo em menos de um ano de governo. Já são seis do primeiro escalão que deixam a administração, após denúncias de envolvimento em casos de corrupção. Primeiro o próprio PT, depois o PMDB e o PR e agora o sempre aliado PC do B tem um representante do partido saindo pelas portas do fundo, numa demonstração inequívoca de que a faxina – tão propagada pela presidente após os primeiros problemas – não passou de ação de marketing. Nada é feito do governo federal se não for motivado por denúncias veiculadas na imprensa.  Ou seja, não fosse o importante trabalho de fiscalização da mídia, o malfeito persistiria.


Mesmo assim, setores ligados ao governo federal ainda insistem que tudo não passa de golpe da mídia, que só busca atrapalhar a administração federal. Fosse assim, o governo da presidente Dilma seguiria imaculado. As denúncias, que sempre dizem tratar-se de mentiras, cairiam no vazio. Não precisaria sair ninguém. Não haveria tantos desgastes. A vida seguiria, como segue quando calúnias são imputadas a inocentes.


Orlando Silva é mais um desses que caem jurando inocência, apesar das evidências de que existe um esquema que vem das administrações anteriores, quando o presidente era Lula, instalado no Ministério dos Esportes, sempre nas mãos do PC do B. Como trouxe reportagem de capa da Revista Época, um partido “que saiu da clandestinidade nos anos 1980 para se acomodar no centro do projeto petista de poder”. Desta forma, passada a queda do ministro dos Esportes, o partido certamente será recompensado. Não ficará na mão.  


Assim, não é difícil prever que, após mais uma crise que se julga abafar com a demissão de Orlando Silva, a imprensa – diante da ausência da faxina ética – venha a trabalhar no sentido de apresentar denúncias contra outros nomes do primeiro escalão.


E isso não é um golpe. É um trabalho sério que só deixará de ocorrer no dia em que o governo federal conseguir emplacar um de seus grandes projetos:  o controle social da mídia, um nome bonitinho para o retorno da censura ao país. Quando isso ocorrer, a bandalheira não ganhará mais as páginas da grande mídia. Talvez faltem receitas de bolo para ocupar tão preciosos espaços.

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