Opinião

Ronaldo arrisca seu carisma

Está em curso uma operação no sentido da dar maior crédito, principalmente dentro do país, à organização da complicada Copa do Mundo de 2014. Para tanto, foi oficializado nesta quinta-feira o nome de Ronaldo Fenômedo como membro do Conselho Administrativo do Comitê Organizador Local (COL). Terá como grande missão aproximar o povo brasileiro e aliviar o clima de desconfiança e suspeitas sobre as operações da competição, tantos são os desmandos que já ocupam os noticiários.


Na prática, Ronaldo será o rosto agradável de um Comitê, que nasceu manchado pela presidência de Ricardo Teixeira, uma figura completamente antipática ao povo brasileiro, devido ao fato de seu nome estar envolvido em uma série de denúncias de falcatruas tanto em sua CBF como na própria Fifa, a entidade maior do futebol mundial. O Fenômeno fara o papel de bonzinho.  Usará seu carisma em entrevistas e trabalhará para construir uma imagem positiva das operações do Mundial. Trabalhará nos bastidores, como já faz desde o início. Até a presidente Dilma Rousseff vinha encontrando dificuldades para manter uma boa relação com Teixeira.


Esperto como sempre, ao anunciar Ronaldo, Ricardo Teixeira falou em “momento de conciliação e de um grande mutirão nacional para fazer a maior e mais bonita Copa de todos os tempos.” Na prática, o presidente da CBF está entregando Ronaldo aos leões. Vai usar e abusar de sua boa imagem até para sair dos holofotes da mídia. O ex-jogador, por sua vez, não pode – de forma alguma – alegar ingenuidade ao se aliar com Teixeira. Bastante inteligente, deve tomar todos os cuidados do mundo para não enfiar seus pés em um grande lamaçal.


Na verdade, ele assume o grande risco de ter todo o carisma conquistado ao longo de sua brilhante carreira dentro de campo ficar manchado para sempre. Espera-se que prevaleça, nesta relação, o “bom mocismo” do Fenômeno ao jeito Teixeira de tocar a CBF, passando por cima de tudo e de todos.


Pelo bem do país e, principalmente desta Copa do Mundo, que consome dinheiro público a perder de vista, roga-se que Ronaldo consiga se sobrepor. Se ele conseguir, mais do que nunca poderá ser chamado de Fenômeno. Isso ocorrerá se houver transparência e respeito à inteligência do povo.

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