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Stones tocam para 50 mil pessoas na Argentina

Os Rolling Stones levarão ao Brasil, a partir do dia 20, um show com 19 músicas tocadas em 2h20. A primeira é Start Me Up e a última, Satisfaction. Não espere inéditas nem pirotecnia. Essa “previsibilidade”, a julgar pelo êxtase do público, é uma provocação, uma tática. É um sinal de que testemunhar a turnê latina Olé, como fizeram 50 mil fãs na Argentina entre a noite de domingo e a madrugada desta segunda, dia 8, é obrigatório por quatro senhores motivos, e só.

Mick, Keith, Charlie e Ron têm média de idade de 71,5 anos. O público argentino ficou 10 anos sem vê-los e fez as contas. Talvez o quarteto não tenha a mesma energia em 2026 – ainda que muitos seguidores pensassem o mesmo há uma década.

Luis Miguel Avellaneda é um desses colecionadores de “última turnê”. Foi a cinco apresentações em 1995, a primeira leva dos Stones no país. Em 1998, a duas. Em 2006, a uma. Avellaneda tem 51 anos, dois a menos que a banda. Quando passou a usar cadeira de rodas, por um acidente de carro, aos 18 anos, os Stones eram ainda um quinteto que lançava Undercovered. O exemplo de falta de resignação diante do tempo o estimula.

“Em todos os shows anteriores, fui na pista. Só estou na arquibancada nesse porque é mais tranquilo para minha mulher”, disse Avellaneda, ajeitando a bandana que segurava o cabelo branco e o suor acumulado com o balanço frenético dos braços, a la Jagger. Cecilia, a mulher, dançava em torno do marido, que ganhou ingressos de amigos influentes no setor VIP.

A rebeldia de cadeirantes sem a mesma sorte, que bloquearam uma bilheteria em protesto contra a falta de ingressos, foi um dos episódios da noite. Em outro setor, a polícia reagiu à aproximação de centenas de fãs sem entrada com bombas de gás lacrimogêneo. Assistentes da organização foram atendidos por médicos. Um ingresso para a área VIP chegava a 10 mil pesos (R$ 2,7 mil) no mercado negro.

A uma hora de Jagger entoar às 21h13 Start Me Up (13 minutos de atraso), o estádio já estava cheio. Quando encerrou com Satisfaction, às 23h30, exibia mais fôlego que boa parte dos jovens que foram a La Plata, a 60 quilômetros de Buenos Aires.

O pedaço mais feliz e cansado do público era o que estava no gramado e enfrentou um temporal antes do show. Aos 72 anos, o vocalista entrou no palco vestindo um casaco verde, que logo abandonou para ficar de preto dos pés à cabeça. A cabeleira contrastava com a de seus companheiros grisalhos, o guitarrista Keith Richards, da mesma idade, e o baterista Charlie Watts, de 74 anos. O caçula, Ron Wood, de 68 anos, também adere ao tingimento.

A apresentação para os argentinos, que se definem como os latinos mais afeitos ao “rocanrol”, teve na primeira hora de show sintonia total. “É um público que se esforça ao máximo, como se quisesse conquistar uma mulher bonita. É um Maradona, não um Messi”, teorizou Avellaneda.

Start Me Up e Wild Horses foram as canções seguidas em coro. Nos dois únicos minutos de pausa, uma hora após o começo, o vocalista apresentou o grupo. Foi especialmente aplaudido quando disse que os integrantes comeram “choripan” (pão com salsicha assada). No entorno do estádio, a iguaria rebatizada “chori stones” saía por 40 pesos (R$ 10).

Jagger também foi reverenciado quando chamou Richards, com quem começou em 1960 a banda que em 1962 se tornaria os Rolling Stones – o nome é homenagem a uma música do guitarrista americano Muddy Waters.

O setlist do show tem 17 músicas e dois bis. Na ordem, os argentinos ouviram: Start Me Up, Its Only Rockn Roll, Tumbling Dice, Out Of Control, Street Fighting Man (escolhida pela internet), Anybody Seen My Baby, Wild Horses, Paint It Black, Honky Tonk Woman, Cant Be Seen With you, Happy, Midnight Rambler, Miss You, Gimme Shelter, Brown Sugar, Simpathy For The Devil, Jumping Jack Flash. O bis veio com Cant Always Get What You Want e Satisfaction.

Jagger terminou com uma boina, brincando com a timidez de Watts. O baterista quase caiu quando os quatro caminharam pela passarela que sai do centro do palco e avança no gramado. No Brasil, o primeiro show será no Maracanã, dia 20. Em São Paulo, será nos dias 24 e 27. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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