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Macau, na China, quer entrar na rota das letras lusófonas

Incluir Macau – uma região tão particular da China que tem o português como idioma oficial – no mapa da literatura lusófona é a missão desafiadora que enfrentam os criadores do The Script Road, o Festival Literário de Macau, cuja quinta edição começou neste fim de semana e vai até o dia 19 de março, na localidade do sudeste asiático.

Criado em 2012 por Ricardo Pinto e Hélder Beja, jornalistas portugueses residentes em Macau, o festival foi inspirado na Flip brasileira e a dupla já o avalia como um dos principais do mundo lusófono. Uma das ideias iniciais era criar interesse pela arte e estimular leitura e produção de literatura no local. “São mudanças profundas, mas é um caminho que só pode ser feito com a construção de novos públicos e incentivo de uma política de leitura”, diz Beja, de Macau. O festival é trilíngue: chinês, inglês e português – “não é meramente para expatriados”, garante o curador.

Cinco autores brasileiros estarão por lá nos próximos dias na programação oficial: Luiz Ruffato, Marcelino Freire, Carol Rodrigues, Felipe Franco Munhoz e o crítico literário Paulo Franchetti, entre outras dezenas de nomes internacionais.

“Neste encontro entre a China e a lusofonia, o Brasil não pode ser esquecido”, afirma o curador. “É um país com uma cultura enorme, riquíssima, com muitos bons escritores, e com o maior potencial dentro do mundo lusófono”, diz.

A indústria do jogo é a mais forte do local – o que rendeu a Macau o apelido de Las Vegas do Oriente – e também ajuda a sustentar o festival, que tem um orçamento de 2,3 milhões de patacas (a moeda local, que atualmente vale R$ 0,49). Metade do valor é proveniente de recursos públicos locais.

“O festival tem dois pontos base”, explica Beja. “Promover este encontro, no tempo espaço, entre autores chineses e lusófonos, e depois, convidá-los a escrever sobre a cidade. Macau, apesar de ser um lugar tão especial e único no mundo, passa um pouco ao lado da atenção dos grandes escritores da lusofonia e da China”, analisa.

Um volume com escritos dos autores convidados é lançado no ano seguinte ao festival.

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