Há muitas diferenças entre o Dekmantel Festival – que ocorre neste fim de semana em SP – e outros eventos como o Lollapalooza e o Tomorrowland. A primeira é a escala do público (dez vezes menor no Dekmantel). A outra é o relacionamento mais ambicioso com a música underground, que norteia as ações do Dekmantel ao lado da ambientação característica. Esta é a primeira investida em grande escala do selo fora da Holanda.
“É o mesmo que comparar uma grande rede de lanchonetes com uma hamburgueria que tem uma filial”, explica Vitor Kruc, da Gop Tun. “O Dekmantel é um evento de nicho. Quando você pensa no tipo de música que ele procura promover, é um festival de conhecedores para conhecedores que acaba divulgando a um público mais amplo uma gama enorme de novos artistas e ainda consegue desafiar seus seguidores mais fiéis.”
“O Brasil é um país completamente diferente de qualquer outro lugar em que sediamos eventos”, explica o time do Dekmantel ao jornal “O Estado de S. Paulo” em um e-mail assinado por Melisa Cenik, “mas acreditamos que temos o equilíbrio, as pessoas e o timing para fazer acontecer por aqui.”
“Sempre fomos confiantes quanto ao público, já que é um line-up de sonhos para qualquer amante da música contemporânea”, diz Vitor Kruc – mesmo assim, muitos artistas são desconhecidos de grande parte do público brasileiro. Um dos headliners é o produtor norte-americano Nicolas Jaar – que em 2016 lançou Sirens, seu disco mais ambicioso até aqui, consagrado por diversas publicações, como a Pitchfork: um manifesto político enevoado por batidas eletrônicas que misturam tudo do jazz ao pós-punk. Jaar, de 27 anos, tem ascendência chilena: sua família saiu do país sul-americano quando Pinochet deu o golpe de Estado em 1973.
O time do Dekmantel ainda faz três outras recomendações: o veterano Jeff Mills (“o mago do techno Mills é sempre uma boa ideia”), o DJ Nobu (“um dos melhores artistas que o Japão nos ofereceu ultimamente” e o grupo brasileiro Azymuth, um da dezena de artistas nacionais escalada para tocar no festival.
Fundada em 2012 a partir de um grupo de discussão no Facebook, a Gop Tun organiza festas e também lança artistas pelo selo de mesmo nome. O grupo faz parte da cena paulistana atual, “coesa e bem diversa, congregando um monte de produtores, promoters, DJs, músicos e um público aberto as suas propostas”, nas palavras de Kurc. “Sem grandes pretensões, a música sempre foi o principal combustível para as coisas acontecerem até aqui.”
FESTIVAL DEKMANTEL
Jockey Club. Av. Lineu de Paula Machado, 1.263; 2161-8300. R$ 225 a R$ 450. Sáb. (4) e dom. (5), 12h.
Fabriketa. Rua do Bucolismo, 81. R$ 90. Sáb. (4) e dom. (5), 23h
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.