Variedades

Ana Cañas canta pelas mulheres e pela democracia no Rock in Rio

Um grito pelas mulheres, pelos direitos LGBTQ e pela democracia. O show de Ana Cañas, com participação de Hyldon, que abriu o Palco Sunset nesta quinta-feira, 21, foi uma celebração das liberdades individuais e coletivas, e incluiu protestos contra o presidente Michel Temer (PMDB) e o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB). Ana emocionou a plateia cantando “O bêbado e a equilibrista”, hino antiditadura militar, à capela, com imagens de manifestações populares de rua dos anos 1960 e atuais passando no telão.

“Nunca antes na história desse país o processo de democracia foi tão ameaçado como agora. Um general pediu intervenção militar. Infelizmente essa música é muito atual”, a cantora lamentou, antes de começar a canção de João Bosco e Aldir Blanc.

Como seria de se esperar para uma quinta-feira de trabalho, às 15 horas, era pequeno o público do encontro. O sol estava muito forte e foi preciso resistência. Ana retribuiu com um show vigoroso, de louvação à condição feminina, nos versos de “Mulher” (“Sou preta, sou branca/ Sagrada, profana/ Sou puta, sou santa/ Mulher”) e de “Respeita” (“Meu corpo, minha lei/ Tô por aí, mas não tô à toa/ Respeita, respeita, respeita as mina, porra!”). “A cada onze minutos uma mulher é estuprada no Brasil”, ela lembrou.

“O amor é a cura pra tudo na porra desse mundo, trate seu preconceito”, deu mais um recado certeiro, com uma bandeira do arco-íris nas mãos, antes de cantar Eu amo você (Cassiano). Era uma referência à volta do debate sobre a falaciosa “cura gay”. Durante a número, o telão mostrou o slogan “Amar sem Temer”, bandeira LGBTQ que já havia pontuado, semana passada, a performance conjunta de Johnny Hooker, Liniker e Almério.

Trinta anos separam Ana de Hyldon, um ídolo que ela reverenciou chamando-o de “lenda”. O repertório dela ganhou em suingue e em densidade com o soul dele. Hyldon relembrou seus três grandes sucessos, “Na rua, na chuva, na fazenda”, “Na sombra de uma árvore” e “Dores do mundo”, cantados em coro pelo público.

Ana cresceu ouvindo Hyldon e seus companheiros de estilo, Tim Maia e Cassiano. Por sua vez, ele a aponta como um nome em ascensão na MPB. O encontro, costurado pelo curador do Sunset, o músico Zé Ricardo, por conta dessa admiração mútua, deu liga. “É uma puta honra estar aqui. Hyldon, você é um mito, uma lenda. Momento fofo!”, Ana declarou ao fim do show.

Mais uma vez, o som vazado da Rock Street, que fica em frente ao Sunset, atrapalhou os momentos mais serenos da apresentação.

A organização do Rock in Rio informa que não será possível resolver o problema nesta edição.

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