As comemorações do 1º de maio deste ano revelaram aspectos importantes aos trabalhadores brasileiros, entre eles a unidade das centrais sindicais em torno de bandeiras importantes como as 40 horas de trabalho semanais e o fim do fator previdenciário e do imposto sindical. Este momento positivo vivido pela classe trabalhadora, após tantos anos de lutas, demonstra um amadurecimento e crescimento político sem precedentes na história dos movimentos de trabalhadores no País.
Num passado recente, o brasileiro que ousasse fazer greve sofria com forte repressão. E as políticas econômicas submetiam o trabalhador ao pagamento de contas altas, arrocho salarial constante, desemprego galopante e uma inflação incontrolável. As diretrizes econômicas do Governo Lula ao longo dos anos, mantidas agora pela presidenta Dilma, permitiram que o Brasil se preparasse para enfrentar os momentos mais duros da crise mundial e ainda registrasse crescimento econômico.
Neste novo cenário, um número cada vez maior de categorias profissionais tem firmado acordos coletivos com aumentos salariais acima da inflação, e com uma série de benefícios. Hoje, temos os índices de desemprego mais baixos da história. Esta situação econômica, aliada à união das centrais sindicais, permite aos trabalhadores brasileiros enfrentar novos desafios, além dos trabalhistas.
O principal deles é desenvolver ações que potencializem e qualifiquem a mão de obra, uma ação estratégica no mundo globalizado. Isso porque o crescimento vertiginoso de nossa economia levou a uma demanda por profissionais qualificados em todos os setores, o que ficou ainda mais evidente com o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC.
Outros temas que merecem atenção são as reformas política e tributária, cujos debates não podem ficar restritos aos setores político e empresarial. A solução dessas questões teria impacto na melhoria dos setores públicos estratégicos, como educação, saúde, distribuição de renda e segurança.
Mais que isso, os trabalhadores também precisam se articular em torno de um debate sobre propostas que viabilizem uma reforma política modernizadora e moralmente necessária. Essa discussão é extremamente importante e não pode se limitar aos corredores das casas legislativas espalhadas pelo País.
Que esse mês de maio sirva para que comemoremos todas as grandes conquistas alcançadas recentemente. E que nos sirva, acima de tudo, como um momento para uma reflexão mais profunda sobre os enormes desafios que ainda temos pela frente.
José Luiz Guimarães
Vereador (PT) e líder do Governo na Câmara. Escreve às quintas-feiras nesta coluna
