Fofoca é um mal que atinge empresas de qualquer porte. Deixa o clima tenso, cria insegurança, atrapalha o desempenho dos funcionários e pode até ter consequências mais sérias para os envolvidos e para o próprio negócio. Como é dificílimo eliminar definitivamente a rádio-peão, assim chamada a disseminação de boatos no ambiente de trabalho, o melhor que o empreendedor tem a fazer é manter uma boa comunicação interna.
Quando a empresa não se pronuncia ou erra o momento de fazê-lo, dá espaço para rumores se propagarem. A curiosidade das pessoas, que querem estar a par do que ocorre, fala mais alto. Para reduzir as fofocas, o gestor deve manter um diálogo (não monólogo) frequente com a equipe; precisa dizer o que espera dos empregados, quais os rumos do negócio e ouvi-los. A linguagem tem de ser clara, objetiva, sem termos técnicos, pois só assim a mensagem será compreendida.
Os boatos podem partir de um funcionário que tem contato com a direção ou que está há muito tempo na casa e por isso goza de certa credibilidade. Ele representa um líder informal. Porém, em vez de deixá-lo à vontade para criar suas teorias ou espalhar fragmentos imprecisos de informações, o empreendedor pode aproveitá-lo como representante da equipe e integrá-lo a encontros em que se discutem melhorias no ambiente de trabalho. Ele passa a ser um aliado na transmissão do que é verdadeiro.
Reuniões periódicas, mural com comunicados e e-mails informativos são ferramentas úteis para inteirar os empregados do que está em curso.
No entanto, nem todos os assuntos podem ser repassados indistintamente. Quando uma mudança grande ou negociação estiver em andamento, é prudente avaliar qual o momento adequado para fazer a divulgação. Uma informação transmitida precipitadamente pode suscitar dúvidas e especulações. Dados estratégicos só devem ser tratados entre os realmente envolvidos na questão, para evitar ao máximo vazamentos.
Saber comunicar-se internamente reduz curtos-circuitos domésticos e preserva a imagem da empresa, pois o alcance da rádio-peão pode se estender para além dos corredores.
Bruno Caetano é diretor superintendente do Sebrae-SP