Variedades

Fernanda Montenegro, senhora da noite na festa da Academia Brasileira

Só mesmo uma Fernanda Montenegro. Grande homenageada na festa da Academia Brasileira de Cinema que outorgou os prêmios Grande Otelo na noite de terça-feira, 18, Fernanda terminou sendo, no fundo como se esperava, a cereja do bolo. Três importantes produtores e/ou diretores, Luiz Carlos Barreto, Cacá Diegues e Zelito Viana, subiram ao palco do Palácio das Artes, na Barra, para lhe entregar o prêmio. Discursaram, fizeram bonito, mas Barretão matou a charada – “Diante de você, Fernanda, me ajoelho e calo.” E ajoelhou-se. Antes do trio, quem chamou a atriz ao palco foi o garotinho de “Central do Brasil”, de Walter Salles. Precedido pelas imagens do filme, Vinicius de Oliveira, agora um homem, curvou-se perante a mítica Dora. Josué!

Ela pediu licença a Vinicius para contar sua história. Como ele era um engraxate e foi pedir a Walter Salles, sem saber quem era, que lhe pagasse um café. Ganhou um papel num dos grandes filmes brasileiros. Só Fernanda para dividir a homenagem que era dela com Vinicius. Valeu a noite. A festa começou com duplo atraso, e o presidente da Academia, Jorge Peregrino, como político em campanha, prometeu colocar todo o seu empenho para que a premiação do ano que vem ocorra no primeiro semestre. Assim como está, em setembro, fica muito distante para premiar os melhores de 2017. Foram premiadas 29 categorias, mais o troféu para Fernanda.

O mantra da festa, repetido ao longo de toda a cerimônia, foi a frase “Ele, não”. O repúdio à candidatura de Jair Bolsonaro foi unânime pela classe artística. Vladimir Brichta, premiado como melhor ator – por Bingo, o Rei das Manhã – comandou o coro. “Nem Bingo nem Bozo. Bolso…” e a plateia “…Nãããoooo! Nunca!” Bingo, de Daniel Rezende, concorria em 15 categorias. Venceu em oito, incluindo melhor longa de ficção e melhor filme pelo júri popular, e também melhor ator (Brichta) e melhor coadjuvante (Augusto Madeira). Em número de indicações vinham depois A Glória e a Graça, de Flávio Tambellini, e Como Nossos Pais, de Laís Bodanzky, cada um com dez. O primeiro ficou com três prêmios – melhor roteiro, fotografia e atriz coadjuvante, Sandra Corveloni. O segundo com dois, melhor direção e melhor atriz, Maria Ribeiro.

Laís Bodanzky, sempre atenta à defesa das mulheres, levantou o público ao proclamar – “Marielle, presente!” A festa pagou tributo aos mortos do ano, em especial dois grandes diretores – Nelson Pereira dos Santos e Roberto Farias. Encarnando um personagem fictício, inspirado no primeiro, o apresentador Charles Fricks – em dupla com Laila Garin – costurou a cerimônia com cenas de O Último Cine Drive-in, de Iberê Carvalho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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