Um casal idoso se prepara para aproveitar suas férias, enquanto viajam por uma cidade distante e decidem embarcar em um passeio por uma grande lagoa. Em poucos minutos, com a onda feita por embarcações clandestinas, todos os tripulantes são jogados na água e o homem do casal morre afogado. Desesperada, sua viúva procura por justiça e por uma indenização que nunca chega. Acredite, toda essa tragédia é ligada à Odebrecht e à corrupção do Brasil.
Steven Soderbergh, responsável por mais filmes do que somos capazes de lembrar, mas dentre eles “Traffic”, “Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento” e do infelizmente tão atual “Contágio”, agora é o diretor deste “A Lavanderia”, filme no qual o diretor experimenta do gigantesco talento de Meryl Streep para encarnar quaisquer personagens. A história, que começa com a viúva interpretada por Streep, vai parar em uma série de situações para justificar o porquê de ela não receber a indenização pela morte de seu marido.
A empresa seguradora, que de fato nunca existiu, está registrada no Panamá e nos Estados Unidos, que possuem brechas dentro de suas leis, como uma dentre milhares de outras tantas que só existem no papel, colhem recursos para seus donos e, desta forma, enriquecem uma pequena parcela de homens já bilionários. Em meio a tantos personagens, que contam com o talento de Gary Oldman, Antonio Banderas, Sharon Stone e David Schwimmer, a história acaba se tornando confusa, mas interessante o suficiente para que a gente chegue até o final.
Quando os pontos começam a se ligar e as diversas histórias fazem sentido no contexto geral, você se pergunta se tudo aquilo era necessário e chega à conclusão de que não era. Mas, por outro lado, o filme te leva em diversas situações dentro das quais a corrupção faz parte, o que é um assunto e tanto tendo em vista a superexploração do assunto no Brasil há mais de quinze anos. Apesar de muitas vezes confuso e lento, o assunto prende.
Mas se tem algo que te prende até o final e que te fará refletir depois de um bom tempo é a associação que toda a história de compra e venda de créditos de empresas, cujos nomes dão margem a tantos recursos, e o que isso tem a ver com a grande nacional Odebrecht. Quando o filme explica, você entende como tudo aconteceu no Brasil. E, mais ainda, é o desfecho da história, em sua cena final, que explica exatamente a sensação de nós, contribuintes e cidadãos, sobre tudo o que nos acomete dentro e fora da corrupção política e econômica. E o que Meryl Streep faz em sua última cena é, além de um comprovante óbvio de seu talento, o discurso que carimba na testa de todo brasileiro a sua ingenuidade política. Ponto para o filme e para a sacada de seu diretor multitarefa, Soderbergh.
Opinião Gweb
Nota do filme (de 0 a 5): 3
Recomendado? Sim. Apesar de confuso e com personagens em excesso, a mensagem do filme é passada de forma brilhante em seu desfecho, que fica na cabeça.
Onde assistir: Netflix
Serviço
A Lavanderia
Ano: 2019
País: Estados Unidos
Duração: 95min.
Direção: Steven Soderbergh
Classificação: 16 anos