Com aumento nos óbitos, casos e internações por covid-19, especialmente em UTI, o Centro de Contingência do Coronavírus estuda criar uma classificação mais restritiva que a vermelha para o Plano São Paulo. Hoje, a fase mais rígida do plano de flexibilização da quarentena permite o funcionamento exclusivamente de estabelecimentos considerados essenciais, como supermercados, farmácias e postos de gasolina.
"O Centro de Contingência, sim, está estudando para propor uma inclusão no Plano São Paulo de uma nova classificação, que poderia ter mais restrições do que a fase vermelha", disse João Gabbardo, coordenador executivo do Comitê. Ele destacou que a recomendação também depende de adesão do governado João Doria (PSDB).
"Pela característica dessa pandemia nessas últimas semanas, pelo o que vem acontecendo nos Estados da região Sul, pelo o que aconteceu em Manaus e em algumas regiões e municípios daqui, de São Paulo, talvez medidas ainda mais drásticas tenham que ser tomadas. Mas, insisto, isso ainda está em uma fase de avaliação no Centro de Contingência e, após essa avaliação, ela poderá ou não ser encaminhada para implementação no Plano São Paulo."
O Estado está com 6.767 internados com suspeita ou confirmação da covid-19 em leitos de UTI, o maior registro de toda a pandemia em São Paulo, que é 8% superior ao recorde de 2020, datado de julho. A média diária de novas internações é de 1.740, uma elevação de 13% em relação à da semana anterior. Outros 8.042 pacientes estão em enfermaria. "A segunda onda tem sido potencialmente mais trágica que a primeira. Isso é um fato, um fato triste", lamentou Doria.
Ao todo, são 2.026.125 casos e 59.129 óbitos por covid-19 confirmados. A taxa de ocupação é de 70,4% em UTI e de 51,2% em leitos de enfermaria, média que fica em 70,8% e 57,1%, respectivamente, na região metropolitana de São Paulo.
Além disso, foi identificado um aumento de 6% em casos (média de 9.117 novos por dia) e de 4% em óbitos (média de 231 por dia) na atual semana epidemiológica em relação à anterior, que segue até sábado. "Ele pode ser ainda maior por dois motivos: nós não acabamos ainda a semana epidemiológica (termina no sábado). Esses dados podem estar ainda represados, como a gente vem falando e, possivelmente, ainda possam ter uma elevação ao longo do próprio dia", explicou o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.
O secretário destacou que, se as medidas restritivas não forem cumpridas e o crescimento de pacientes internados se mantiver, o Estado terá um esgotamento de leitos de UTI em 20 dias, o que pode ocorrer em 19 dias na região metropolitana de São Paulo. "Não é só perder paladar, não é só perder olfato, é perder a vida e fazer com que aquelas pessoas que mais amamos possam perdê-la", destacou.
"Estamos fazendo o melhor, mas tudo tem limite: recursos; recursos humanos, então, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas; espaços em UTI para aumentar. Nós temos o risco de colapsar. Nós precisamos do apoio da população. A população mais do que nunca tem que acolher os nossos chamados."
Coordenador do Centro de Contingência, Paulo Menezes apontou que há um crescimento médio de 1,6% no número de internações em UTI diariamente no Estado. Para ele, se as medidas de restrição forem seguidas, é possível que impactem a tendência de aumento em uma semana, com a estabilização e início de decréscimo nas taxas.