É comum, no início de uma administração pública, o agente escolhido nas urnas encontrar problemas na Prefeitura que acaba de assumir, já que precisa assimilar todas as questões que envolvem a nova gestão, como projetos em andamento, propostas de campanha e – principalmente – fluxo de caixa. Isso, em tese, não deveria ocorrer nos casos em que há a continuidade, quando o prefeito foi reeleito para um novo mandato ou venceu o pleito apoiado pelo antecessor. Também é praxe, no início de abril, os veículos de comunicação fazerem um balanço sobre os 100 dias de governo.
Sé que em Guarulhos não existe essa lógica. Porque por trás desses 100 dias de administração de Sebastião Almeida, existem 12 anos de total desgoverno por parte do PT, um período em que o cidadão só perdeu. Guarulhos hoje vive o caos. As unidades básicas de saúde não têm médicos. Faltam medicamentos essenciais até para o primeiro atendimento. Milhões de reais que deveriam ser utilizados pelo programa Saúde da Família serviram para abastecer a ONG da família do prefeito, no caso Água e Vida, que se arrasta na Justiça ainda sem punir aqueles que se beneficiaram de um verdadeiro esquema de estelionato eleitoral.
O sistema de transportes está falido. Tentou-se uma reformulação sem mudar as peças. Tanto é verdade que as empresas que atendem os usuários são as mesmas de sempre, oferecendo serviços de péssima qualidade e caros. As lotações foram impedidas de rodar sem que a Prefeitura oferecesse aos passageiros alternativas viáveis. Os microônibus não conseguem cumprir suas funções de ligar os terminais aos bairros. Hoje, o cidadão gasta o dobro do tempo para seus deslocamentos dentro do município.
No sistema viário, nem um metro a mais de avenida nova em toda a cidade. As ruas seguem esburacadas a partir de serviços de recapeamento que só servem para abastecer os caixas das empreiteiras amigas. Gastou-se mais de R$ 100 milhões para a construção do Viaduto Cidade de Guarulhos, o famoso viaduto das três pernas, que não conta nem com um acesso para quem vem da região de Cumbica com destino ao Centro. O Trevo de Bonsucesso foi refeito em 2004 sem se projetar o crescimento da região. Foi inaugurado já congestionado, numa situação que só piora a cada dia.
Para complicar ainda mais a situação do povo, eles jogam a conta dos desmandos nas costas do contribuinte, como fizeram no astronômico e descabido reajuste do IPTU neste ano, que acabou por penalizar os guarulhenses com aumentos que superaram a casa dos 2.000%. Em paralelo, fazem propaganda sobre um tratamento de esgoto que ainda é quase imperceptível ao cidadão. Isso sem falar que as estações de tratamento só começaram a ser construídas por força de uma determinação da Justiça.
A Secretaria da Educação, que deveria prezar por uma melhor formação de nossas crianças, se tornou uma pasta de obras, que só sabe gastar o dinheiro carimbado em construções faraônicas, que não servem – como deveriam – aos interesses da população. Assim, os poucos CEUS que saíram do papel se tornaram apenas cenários para os outdoors sem cumprir sua função maior que é educar nossos pequenos.
Na área de Esportes, mais desastres. A cidade que já foi referência do esporte amador em todo Brasil hoje não sabe nem se irá disputar os Jogos Regionais. Os centros esportivos estão totalmente abandonados. As equipes foram desfeitas. Não há incentivo algum à formação de jovens atletas. O estádio municipal tem uma arquibancada, construída com dinheiro público, embargada por erros primários de projeto.
Chama a atenção também o fato de, nestes 12 anos e 100 dias, a Câmara Municipal de Guarulhos ter feito vistas grosas diante de tantos desmandos, sem abrir uma comissão de inquérito sequer que fosse a fundo nos problemas enfrentados pela população. A maioria dos vereadores, neste tempo todo, preferiu ficar ao lado das benesses do poder, por conta de alguns carguinhos e outros favores, do que defender o povo que os elegeu.
Se hoje Almeida está encurralado em uma administração inoperante, ele não faz outra coisa que colher o que plantou. Goza da herança maldita deixada por ele mesmo. Mas se faz de rogado, como se os problemas não fossem com ele. E, numa demonstração evidente que não tem vergonha na cara, espalha propaganda enganosa por toda a cidade divulgando falsas conquistas. Do lado do cidadão, fica a esperança que esse veneno produzido pelo prefeito irá, no final da história, ser consumido por ele mesmo.
*Carlos Roberto é deputado federal (PSDB) e industrial
