Economia

Bolsas europeias caem com projeção de crescimento menor

Os índices de ações das principais bolsas europeias fecharam em queda nesta terça-feira, 4, após a Comissão Europeia reduzir as projeções de crescimento econômico para a zona do euro em 2014 e 2015. A tendência de baixa foi intensificada nos últimos minutos da sessão diante de um relato de que integrantes do conselho do Banco Central Europeu (BCE) estão insatisfeitos com a liderança de Mario Draghi, o que poderia dificultar a aplicação de medidas mais ousadas de estímulo. O índice Stoxx 600 encerrou com queda de 1,01%, aos 330,88 pontos.

O braço executivo da União Europeia reduziu suas projeções de crescimento para a zona do euro em razão das tensões na Ucrânia e no Oriente Médio, além da escassez de investimentos. A entidade prevê agora que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro crescerá 0,8% neste ano, ante previsão anterior de alta de 1,2%. Para 2015, a expectativa é de expansão de 1,1%, também menor que o aumento de 1,7% estimado anteriormente. Em 2016, o crescimento no bloco deverá acelerar para 1,7%, segundo o órgão europeu.

A entidade também estima que a inflação na zona do euro, formada por 18 países, permanecerá abaixo da meta oficial do Banco Central Europeu – que é de taxa ligeiramente inferior a 2,0% – até pelo menos 2016. A comissão prevê que os preços ao consumidor da zona do euro deverão subir 0,5% este ano, 0,8% em 2015 e 1,5% em 2016. Anteriormente, as projeções de inflação para o bloco eram de 0,8% e 1,2% em 2014 e 2015, respectivamente.

As novas projeções alimentaram expectativas de que o BCE poderá adotar no futuro próximo medidas de estímulos ainda mais agressivas, como um programa de relaxamento quantitativo, que envolveria compras em larga escala de bônus soberanos. O BCE se reúne para revisar sua política monetária na quinta-feira.

A perspectiva de novos esforços do BCE nesta semana foi prejudicada por um relato de que há insatisfação entre os presidentes de bancos centrais de países da zona do euro com a liderança exercida por Mario Draghi. De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, os dirigentes acreditam que a atual gestão do BCE tem pouca transparência em relação aos integrantes do conselho e tem se comunicado de maneira equivocada com o público.

“Esse relato reduz agora a probabilidade de o BCE anunciar compras de bônus soberanos”, afirmou o estrategista Sebastien Galy, do Société Générale, ao acrescentar que “medidas complementares são agora mais prováveis do que ações ousadas”.

Outro catalisador para as perdas foi a forte queda nos preços do petróleo, que pressionou as ações de empresas do setor de energia.

Com isso, o índice CAC-40, de Paris, cedeu 1,52%, a 4.130,19 pontos, e o índice Dax, de Frankfurt, perdeu 0,92%, aos 9.166,47 pontos. Em Londres, o FTSE-100 teve baixa de 0,52%, a 6.453,97 pontos. As maiores perdas se concentraram em países periféricos da zona do euro: o FTSEMib, de Milão, caiu 2,24%, para 18.934,63 pontos, e o IBEX-35, de Madri, recuou 2,12%, para 10.154,40 pontos.

O PSI-20, de Lisboa, registrou desvalorização de 2,84%, a 5.061,37 pontos, com forte queda de 12,05% nas ações da Portugal Telecom. A baixa nos papéis da empresa ocorreu após forte alta na sessão anterior, quando a Altice informou que fez uma oferta firme para comprar a companhia portuguesa.

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