As resseguradoras Austral, controlada pelo fundo Vinci Partners, e Terra Brasis, do Brasil Plural, chegaram a um consenso, após mais de um ano de tratativas para unir suas operações no País. A operação foi antecipada pela Coluna do Broadcast. A companhia resultante nasce com R$ 1,6 bilhão em ativos, R$ 672 milhões em prêmios brutos de resseguros em 2018 e cogita listar ações na bolsa brasileira como forma de atrair capital para continuar sua expansão.
Ainda sem marca definida, a resseguradora será a segunda do setor com capital nacional e a terceira em prêmios, atrás somente do líder IRB Brasil Re e da alemã Munich Re. Seu patrimônio líquido combinado será de R$ 387 milhões. O negócio foi feito via troca de ações, sem injeção de recursos. Além disso, não envolveu a seguradora Austral.
Tanto a Austral quanto a Terra Brasis atuam em todas as linhas de negócios do mercado, incluindo patrimonial, agronegócios, pessoas, infraestrutura.
Donos. A nova empresa será controlada pela Vinci Partners, com participação de cerca de 62% do negócio, tendo como sócios o Brasil Plural, com fatia de 20%, e o International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, que detinha participação nas duas companhias e ficará com 18% das ações. A Vinci terá três assentos no conselho, enquanto Brasil Plural e IFC terão um cada.
Um dos motivos que teria atrasado a conclusão das conversas, teria sido, segundo fontes, diferentes acordos de acionistas das duas companhias. Depois de mais de um ano, a fusão foi assinada.
O atual presidente da Austral, Bruno Freire, vai comandar a empresa resultante. A seu lado, o presidente da Terra Brasis, Rodrigo Botti, será o “segundo homem” da operação.
“Há expectativa de que a economia brasileira retome uma taxa de maior crescimento nos próximos anos e, com a fusão das duas resseguradoras, estaremos mais bem posicionados para aproveitar a retomada”, disse Freire, ao Estadão/Broadcast.
Sobre a possibilidade de listar ações na bolsa brasileira, unindo-se ao IRB, único ressegurador de capital aberto no País, ele afirma que é uma possibilidade em um leque de caminhos para atrair capital para a nova empresa, mas o martelo não está batido. Um novo sócio, segundo ele, também não estaria descartado, embora não tenha sido engatilhado um terceiro nome durante as conversas entre Terra Brasis e Austral.
Sinergia. Apesar de as empresas atuarem nas mesmas áreas, Freitas afirma que há sinergias de nichos de atuação, bem como geograficamente. “Temos um plano parecido de expansão da América Latina, mas enquanto a Terra Brasis se voltou aos países do Norte da região como Colômbia, Peru e Panamá, nós priorizamos mais o Sul como Argentina, Chile e México”, afirma Freire.
Ele também avalia como positiva para a fusão a expectativa de o governo transferir riscos do Proagro – uma espécie de seguro agrícola – para o resseguro. A empresa, de acordo com ele, será mais “parruda” para disputar esse novo mercado no Brasil bem como o de infraestrutura.
A fusão entre Terra Brasis e Austral ocorre após tentativas de desinvestimento sem sucesso por parte da Vinci Partners. A gestora negociou a venda da operação de seguros da Austral para a americana Argo, mas o negócio não prosperou. Antes disso, a Vinci chegou a negociar toda a sua operação de seguros e resseguros para o chinês Fosun, mas a transação também não foi concluída.
O negócio entre Austral e Terra Brasis depende de aval dos reguladores, incluindo a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Sem precisar um prazo para a bênção dos órgãos reguladores, Freire disse que, as fusões e aquisições em seguros mais recentes foram aprovadas em cerca de seis meses.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.