A saída do Reino Unido da União Europeia pode ser um complicador para as negociações do acordo do Mercosul com o bloco europeu, segundo se avalia no Ministério das Relações Exteriores. Isso porque os britânicos têm sido aliados do Brasil quando se discute a abertura do mercado agrícola.
“O Reino Unido é um dos maiores apoiadores de um acordo amplo, e têm atuado firmemente para a inclusão do setor agrícola”, disse um diplomata. “Eles têm sido um pilar importante.”
Por isso, há uma “torcida discreta” pela permanência. É o máximo que se pode fazer, pois o Brasil não interfere em temas internos de outros países.
A torcida se justifica também porque a saída do Reino Unido pode desestabilizar a União Europeia e atrasar o processo de recuperação econômica que só começou a dar os primeiros passos em mercados importantes para o Brasil, como Espanha e Portugal. Os britânicos são a terceira maior população do bloco e respondem por 15% de seu Produto Interno Bruto (PIB).
As consequências da separação, porém, são mais amplas do que os potenciais efeitos sobre o Brasil. Hoje, o Reino Unido integra um tripé, junto com a Alemanha e a França, na sustentação do bloco. Sua saída provocaria um realinhamento de forças.
Além disso, poderia haver um “efeito cascata”, com a saída de outros países do bloco europeu. A crise dos refugiados tem dado força a grupos nacionalistas e xenófobos.
Do ponto de vista econômico, a saída do Reino Unido deixaria a Alemanha sem seu principal aliado nas discussões sobre propostas voltadas para a produtividade. Eles têm trabalhado juntos para refrear propostas na linha estatizante.