No último pregão antes do primeiro turno das eleições, o dólar teve nesta sexta-feira, 5, novo dia de queda e acumulou desvalorização de 4,81% na semana, a maior baixa semanal desde a primeira semana de março de 2016, quando caiu 5,82%. O crescimento de Jair Bolsonaro (PSL) nas pesquisas de intenção de voto animou os investidores e fez o câmbio no Brasil descolar na semana da maioria de outras moedas emergentes, que acabaram perdendo valor para a divisa americana nos últimos dias. O dólar subiu 4,47% na África do Sul, 0,85% no México e 0,90% na Turquia. Nesta sexta-feira, o dólar à vista terminou o dia cotado em R$ 3,8560 (-0,70%).
Operadores ressaltam que logo na abertura do mercado nesta sexta-feira havia uma “fila de venda” de dólar na B3, com investidores desmontando posições. O fator que estimulou a venda das moedas foi o crescimento de Bolsonaro na pesquisa do Datafolha, divulgada na noite de quinta-feira para 35% das intenções de voto. Logo após a abertura, o dólar bateu a mínima do dia, de R$ 3,8411, com queda de 1,08%. Em seguida, a própria queda da moeda para este nível atraiu compradores, principalmente importadores e tesourarias de bancos, provocando alta pontual da moeda, que subia também influenciada pelo fortalecimento do dólar no exterior após a divulgação dos dados mensais de emprego dos Estados Unidos, que vieram mistos. Na máxima, o dólar chegou a R$ 3,8952 (+0,31%).
“Os eleitores vão para as urnas no domingo para uma eleição crucial, que pode ter implicações significativas para a direção da política econômica do país”, afirma o economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos. Entre as surpresas que podem ocorrer no domingo, ele destaca a vitória de Bolsonaro já no primeiro turno, considerando que ele vem crescendo nas pesquisas. Outra surpresa seria Haddad aparecer mais fraco, com menos de 20% das intenções de voto ou ainda a votação de Ciro Gomes (PDT) ser maior do que as sondagens vêm apontando.
As cotações do câmbio no Brasil, segundo o modelo do grupo financeiro Nomura, apontam que após o recente rali do mercado o real já está precificando em 85% a probabilidade de um candidato pró-mercado, leia-se Bolsonaro, vencer as eleições, ante 70% na semana passada e 60% na anterior. “O momento parece estar do lado de Bolsonaro e esse efeito positivo afeta a probabilidade de vitória no primeiro turno”, afirma relatório enviado a clientes nesta sexta-feira.