Sem grandes surpresas com o discurso da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado, o mercado de câmbio reforçou a aposta da saída definitiva da petista e intensificou o movimento de realização de lucros do dólar ante o real. Como resultado, a divisa norte-americana registrou uma série de mínimas na parte final da sessão, destoando da falta de direção no exterior.
No mercado à vista, o dólar negociado no balcão fechou esta segunda-feira, 29, aos R$ 3,2345, em queda de 1,03%, não muito distante da mínima do dia registrada à tarde, de R$ 3,2312 (-1,14%).
De acordo com dados registrados na clearing da BM&F Bovespa, o volume de operações somou apenas US$ 486,442 milhões. No mercado futuro, o contrato de dólar para setembro recuou 1,19%, aos R$ 3,2320, com giro de US$ 10,648 bilhões.
O ambiente político ainda gerou cautela nas mesas de operação, limitando o volume de negócios, mas os agentes financeiros já discutem o cenário econômico sem Dilma, no qual deve aumentar a pressão sobre o governo de Michel Temer nos esforços para o ajuste de contas públicas.
Também se mostrou debate recorrente o futuro da política monetária dos EUA, que levou o dólar ao maior nível em agosto na sexta-feira, 26, em meio a sinais de aperto iminente e acentuado nos EUA.
Diante das dúvidas sobre o Federal Reserve (banco central norte-americano), cresceu a expectativa em torno do relatório de empregos dos Estados Unidos (payroll), que será divulgado na Sexta-feira (2).
Vale ressaltar que, além do payroll e da conclusão do julgamento de Dilma, a agenda da semana também deve ser pesada por causa da disputa para a formação da taxa Ptax mensal, na quarta-feira, 31, mesmo dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil anuncia decisão de juros.
Logo, a expectativa dos operadores é de elevada volatilidade para os próximos dias, que preveem ainda a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, também na quarta-feira.