Economia

Mesmo com queda do crédito, BC observa na margem melhora de alguns indicadores

O chefe-adjunto do departamento econômico do Banco Central, Renato Baldini, avaliou nesta quinta-feira, 26, que apesar da queda de 3,5% no estoque de crédito em 2016, já pode ser observada melhora na margem em alguns indicadores, como capital de giro, financiamento de veículos e empréstimos habitacionais.

“Ao mesmo tempo, já começou a ocorrer um recuo nas taxas de juros. E, com a estabilização da inadimplência nos próximos meses, devem ocorrer situações mais favoráveis para a retomada do crédito”, avaliou.

Segundo ele, o recuo no crédito em 2016 foi mais importante no crédito para pessoas jurídicas, que recuou 4,9% enquanto o crédito para pessoas físicas caiu 2,0%.

Por outro lado, ressaltou, houve sazonalidade favorável para concessões de crédito em dezembro, em especial para as empresas. “Existe uma tendência de aumento das concessões do BNDES no fim do ano”, destacou. Já para as famílias, Baldini elencou o aumento sazonal do crédito imobiliário e do cartão à vista em dezembro.

Entre as modalidades que mostram maior recuperação, as concessões para capital de giro subiram 22% no acumulado do quarto trimestre na margem. “O crédito a empresas vinha apresentando comportamento fraco ao longo do ano, mas a evolução das concessões para empresas no 4º trimestre é positiva”, afirmou Baldini.

Da mesma forma, os financiamentos de veículos aumentaram 9,9% no quatro trimestre em relação ao trimestre anterior. “Essa modalidade deve continuar a ter uma recuperação importante em 2017”, avaliou o economista do BC.

Juros

O chefe-adjunto do departamento econômico do Banco Central avaliou que após longo período de elevação dos juros que acompanhou o ciclo de política monetária, já se pode observar um recuo nas taxas médias das modalidades de crédito. “A Selic passou a recuar em outubro e já podemos observar alguns resultados nos juros”, destacou.

Segundo ele, a Selic é um fator determinante para evolução de juros no crédito e, por isso, com a acentuação da flexibilização monetária em janeiro – com o corte de 0,75 pontos na taxa básica – a queda nos juros deve se intensificar nos mês a frente.

Baldini lembrou que o custo de captação das instituições financeiras já vinha caindo ao longo do segundo semestre, a partir da melhores perspectivas para a economia que já se refletiam nas taxas futuras, o que teve impacto nos spreads em dezembro.

Além disso, acrescentou o economista do BC, os calotes continuariam sob controle. “A inadimplência segue bem comportada e vemos sinais positivos na margem”, avaliou.

Liquidações

O chefe-adjunto do departamento econômico do Banco Central citou que a autoridade monetária identificou liquidações antecipadas em alguns grandes contratos de crédito em dezembro. “Essas liquidações antecipadas de operações ocorreram no crédito direcionado, em especial em financiamentos do BNDES”, afirmou.

Inadimplência

Segundo Baldini, a inadimplência no crédito tem estado sob controle porque o maior volume das operações continuam sendo pagas, mas também porque existem processos importantes de renegociação sendo feitos, tanto para empresas como famílias.

“Para pessoas físicas, por exemplo, a inadimplência no crédito imobiliário é a mais baixa da história, e isso também se deve às renegociações”, destacou, lembrando que existe uma tendência de aumento das concessões nessa modalidade no fim de cada ano.

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