Economia

Lula: se querem resolver o problema da Previdência, façam a economia crescer

Em uma manifestação contra a reforma da Previdência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dirigiu ataques ao presidente Michel Temer (PMDB) e disse que uma reforma do sistema previdenciário não tira o País da crise e que o problema do Brasil “não é de dinheiro”.

Em um discurso que durou pouco mais de oito minutos na Avenida Paulista, em São Paulo, Lula disse que a reforma proposta por Temer vai fazer com que os trabalhadores não se aposentem. Lula afirmou ainda que o governo Temer é fraco, mas que conseguiu montar no Congresso Nacional uma força política que quase nenhum presidente conseguiu.

“E toda essa força está predestinada a tentar colocar goela abaixo da sociedade brasileira uma reforma da aposentaria que vai praticamente fazer com que milhões e milhões de brasileiros não consigam se aposentar, vai fazer com que os trabalhadores mais pobres, sobretudo os rurais no Nordeste, passem a receber metade de um salário mínimo sem ter noção do que esses trabalhadores representam para a economia das pequenas cidades desse País”, disse.

O petista reconheceu que a Previdência Social no País tem problemas, mas que a recuperação não passa pela reforma, e sim pelo crescimento da economia através do crédito e de financiamentos. Ele inclusive citou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central durante seus dois mandatos. “Eu queria que o Meirelles e o Temer ouvissem o recado de vocês. A previdência tem problema? Tem. Quer resolver? Em vez de fazer a reforma, faça a economia voltar a crescer, a gerar emprego, aumenta os salários e a receita vai voltar a crescer”, afirmou.

Lula disse que durante os governos petistas a receita da Previdência Social aumentou. “Apenas entre 2008 e 2014, houve aumento de 54,6% na receita da seguridade social”, afirmou. Apenas uma política econômica que dê crédito e financiamento vai fazer o País crescer, completou.

O ex-presidente, citando Temer como ilegítimo, disse que o peemedebista poderia ser diretor de uma associação comercial, “para vender o que é dele, e não o patrimônio do povo brasileiro”, em crítica aos programas de concessões e vendas de ativos. “Quem não sabe governar só sabe vender”, atacou. Assim como no discurso em Brasília, na segunda-feira, 13, Lula disse que Temer não tem coragem de visitar outros países, citando a Bolívia e o Uruguai, porque não tem credibilidade.

Cotado como candidato do PT à Presidência da República e líder em pesquisas de sondagem de voto, Lula afirmou que o País vai voltar a crescer apenas com um presidente eleito legitimamente pelo voto popular. “Somente quando a gente tiver um presidente legitimamente eleito, com credibilidade e confiança da sociedade, é que a gente vai conseguir fazer esse País voltar a crescer, gerar emprego e recuperar a confiança que esse povo já teve”, falou.

Lula disse ainda que, até o povo conseguir eleger um presidente legitimamente, as pessoas não vão sair das ruas para se opor às medidas do governo federal. Um dia após dar depoimento em uma das ações em que é réu na Operação Lava Jato, Lula não citou o caso no discurso.

O presidente também mandou um recado aos manifestantes, afirmando que no próximo domingo vai estar na Paraíba visitando as obras da transposição do Rio São Francisco. Depois de Temer participar de solenidades inaugurando o eixo leste da transposição, Lula passou a reivindicar a paternidade da obra e a divulgar que a execução começou e foi feita, em sua maioria, nos governos do PT.

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