A Organização Mundial de Comércio (OMC) considera que a recuperação do comércio global em serviços "ainda não está à vista". Em relatório divulgado nesta terça, a entidade aponta que o comércio global nesse setor teve queda de 24% no terceiro trimestre de 2020, em comparação com igual período de 2019. "Isso representa uma pequena melhora do declínio de 30% registrado no segundo trimestre, em contraste marcado com uma retomada muito mais forte no comércio de bens", compara.
A organização diz que as estatística mais recentes confirmam a expectativa de que o comércio de serviços será mais atingido pela pandemia do que o de bens – este teve queda anual de 5% no terceiro trimestre.
A entidade lembra que, à diferença dos bens, os serviços não podem ser estocados, o que significa que muita receita já foi perdida com voos cancelados, refeições em restaurantes e atividade culturais que não foram feitas, etc. "O setor de viagens continua como o mais afetado em serviços, em queda de 68% globalmente em comparação com igual período de 2019", afirma.
No terceiro trimestre de 2020, os gastos de viajantes internacionais exibiam queda de 88% na América Latina e no Caribe, de 80% na Ásia e na África, de 78% na América do Norte e de 55% na Europa. "O relaxamento de restrições a viagens na Europa durante os meses de verão produziu apenas uma retomada modesta no comércio de serviços no terceiro trimestre", diz.
De acordo com dados preliminares, o comércio em serviços continuou deprimido em novembro, com queda de 16% na comparação anual, baseando-se em dados de 39 países que representam mais de dois terços do setor no mundo. Em outubro, a queda anual no comércio de serviços era de 18%.
Por outro lado, a entidade afirma que os dados até agora disponíveis mostram uma reação no comércio de bens. Dados preliminares de 72 países, que representam 92% desse comércio, sugerem retomada no segundo semestre de 2020, com ganho de impulso em outubro e novembro.
O valor do comércio global de bens em outubro de 2020 era 3% maior do que em igual mês de 2019, com avanço de 6% na comparação anual para novembro, segundo a OMC.