A cúpula do PSDB entrou em campo para pressionar o deputado tucano Bonifácio de Andrada (MG) a abandonar a relatoria da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O que se discute é uma possível destituição da comissão caso o deputado se recuse a deixar a função.
O clima de animosidade chegou ao presidente em exercício do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), que conversou com o líder da bancada na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), sobre o caso. Interlocutores afirmam que Tasso e Tripoli estão alinhados sobre a questão. Tasso ouviu a opinião do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que tem sido um dos representantes dos cabeças-pretas no Senado.
“O incômodo é muito grande, parece que a escolha do Bonifácio foi para provocar um segmento do partido que defende a saída do PSDB do governo. Se o partido está dividido em relação ao tema, o mais recomendado é que não fosse alguém do PSDB pra fazer o relatório. Isso me parece uma brutal provocação e um desrespeito às divergências que existem no PSDB”, afirmou Ferraço.
Os dirigentes tentam agora persuadir Bonifácio da “inconveniência” do convite feito pelo presidente da comissão, o peemedebista Rodrigo Pacheco (MG). A escolha de Bonifácio para a relatoria da nova denúncia levou a ala jovem do PSDB, os chamados cabeças-pretas, a declarar “guerra” ao Palácio do Planalto.
Para os jovens tucanos, a indicação de Pacheco foi “desrespeitosa” e “desleal” ao partido, que não queria nenhum de seus liderados nesta função. “É muito difícil não ver dedo do palácio nisso aí”, afirmou o deputado Fábio Sousa (PSDB-GO) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.