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‘Sem pressão, sem mobilização dos movimentos, não sai’

Segundo o líder do MTST, Guilherme Boulos, movimento invade áreas porque essa é a forma de pressionar por uma política habitacional

Com o modelo de invasão de terrenos que já oferece moradia após a ocupação, o MTST não está atropelando a legislação ou, então, virando uma “empresa”?
Isso está parecendo mais um interrogatório do Sérgio Moro (juiz) do que uma entrevista. Mas vamos lá. Não se trata nem da ideia de cliente e muito menos de associação com o mercado. O MTST considera moradia direito social, exatamente por isso que luta pelo MCMV Faixa 1, que é altamente subsidiado, diferente de todo o mercado imobiliário. O movimento ocupa, e isso é a característica do MTST em seus 20 anos – não surgiu agora em São Bernardo do Campo. Ocupa porque essa é a forma de pressionar por uma política habitacional que está seca. Sem pressão, sem mobilização dos movimentos sociais, não sai. Basta ver a história. O que, inclusive, gerou as políticas habitacionais do Brasil. A ocupação é uma forma de pressionar o poder público para fazer o que ele deveria fazer sem ocupação, que é política pública de habitação.

Por que ocupar agora terreno que esteve desocupado durante a gestão do PT? Não seria mais fácil ter conseguido a área com a ajuda de um governo aliado?
Esse argumento que tem sido usado, que o movimento é do PT, que é partidário, é totalmente falacioso e ignora os fatos da história do MTST. O movimento fez ocupação recente em Santo André, durante a prefeitura do PT, do Grana (Carlos Alberto Grana), inclusive isso virou um empreendimento, o Novo Pinheirinho. O MTST fez inúmeras ocupações durante a gestão do Haddad (Fernando) em São Paulo. E fez tantos outros enfrentamentos com o governo federal, do PT, durante a luta por política pública de habitação. Você acompanhou isso? Seja no Plano Diretor em São Paulo, seja no período da Copa do Mundo… Isso é argumento leviano e irresponsável de setores do PSDB que querem tapar o sol com a peneira por não terem uma política habitacional em São Bernardo do Campo. O MTST é autônomo e tem na sua trajetória o foco na luta pela moradia independentemente de qual partido esteja no governo e a história é recheada de fatos que comprovam isso. A ocupação neste momento, em São Bernardo, tem a ver com organização de demanda. A crise social está se agravando no País e, com isso, mais e mais pessoas têm procurado o MTST para fazer a luta por moradia. Houve uma procura maior pelo movimento nessa região e isso causou a ocupação, como tem gerado também em outras prefeituras que têm sido geridas pelo PT – e é importante que se ressalte isso.

Moradores da área, que são contra a presença do MTST no local, dizem que em abril já viam placa no terreno anunciando o MCMV. Portanto, já destinado para habitação social. O que mudou para que o MTST entrasse no local?
Este terreno, até onde nós temos conhecimento, estava destinado para um projeto que, aliás, fracassou, de faixa 2 do MCMV. As faixas 2 e 3 são reservadas a setores médios, não a quem mais precisa. Isso, por si só, seria um empreendimento imobiliário para quem tem condições de pagar – e mesmo esse empreendimento não prosperou, tanto é que o terreno permaneceu vazio e quando entramos lá não havia placa nenhuma porque esse projeto da MZM não foi adiante.

O modelo para o acampamento Planalto, em São Bernardo, seguirá outros projetos do MTST, como o bairro João Cândido, do Taboão, com unidades de 54 e 63 metros quadrados?
Nós ainda não iniciamos um projeto arquitetônico porque há um litígio.

Qual o valor necessário para esse projeto?
O valor do MCMV é fixo. O MCMV paga em São Paulo R$ 95 mil por unidade.

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