Liverpool e Roma abrem nesta terça-feira, às 15h45 (de Brasília), no estádio Anfield Road, em Liverpool, na Inglaterra, as semifinais da Liga dos Campeões da Europa. O time da casa não chegava a esta fase havia 10 anos; o visitante não a alcançava fazia 34, desde a época de Paulo Roberto Falcão. Questão técnica à parte, uma vez que os italianos eliminaram o poderoso Barcelona, essa disparidade está diretamente relacionada à força financeira. Três dos quatro semifinalistas estão entre os clube mais ricos da Europa. Além do Liverpool, Bayern de Munique e Real Madrid, que se enfrentam nesta quarta, na Alemanha.
Esse poderio, aliás, só fez crescer nas últimas duas décadas. É o que mostra estudo inédito do Itaú BBA ao qual o jornal O Estado de S.Paulo teve acesso. Análise das receitas dos clubes europeus feita a partir da temporada 1996/1997 constata que a distância entre os mais ricos e os outros tem aumentado quando se trata de receitas.
Nesse grupo estão, junto com os três semifinalistas atuais, Manchester United, Barcelona, Chelsea e Juventus. É fato que os “novos ricos” Manchester City e Paris Saint-Germain têm receitas respeitáveis. Mas não têm a consistência dos membros do “clube dos sete”.
Mesmo porque os gigantes deram saltos consideráveis nas receitas. O Real Madrid, por exemplo, passou de 154 milhões (R$ 648,3 milhões) para 674 milhões de euros (R$ 2,837 bilhões). O Liverpool pulou de 98 milhões (R$ 412,5 milhões) para R$$ 424 milhões de euros (R$ 1,785 bilhões) nestes 20 anos.
Cesar Grafietti, superintendente de crédito do Itaú BBA e responsável pelo estudo, lista os motivos deste forte crescimento. “O primeiro aspecto foi participar de ligas (nacionais), onde os contratos de TV acabaram por impulsioná-los ainda mais. Conseguiram formar times mais fortes que os concorrentes e têm receitas comerciais (patrocínio, venda de produtos) fortes”, disse.
Sua análise tem início do período imediatamente posterior à entrada em vigor da Lei Bosman, de 1995, que permitiu o livre trânsito de atletas comunitários na Europa. Com isso, os clubes de maior poder aquisitivo tiveram mais facilidade para fazer grandes contratações. “Com isso, esses clubes, que já eram os maiores do ponto de vista financeiro, tornaram-se maiores do ponto de vista esportivo”.
Ele, porém, vê um aspecto ruim neste domínio: a mesmice: “A Roma pode até ser campeã. Mas a chance de esses sete clubes se repetirem nas finais e nos títulos vai crescendo porque a força desses clubes só cresce”, alertou Cesar Grafietti.