A magnitude da queda no Índice de Confiança da Indústria (ICI) na passagem de maio para junho chamou atenção, mas o recuo já era esperado, na esteira de um processo de frustração de expectativas em diversos indicadores relacionados à percepção sobre a economia, afirmou nesta quinta-feira, 22, Tabi Thuler Santos, coordenadora da Sondagem da Indústria da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Mais cedo, a entidade informou que o indicador caiu 2,3 pontos na prévia de junho, ante o resultado fechado de maio. Se confirmada a prévia, o indicador alcançará 90,0 pontos neste mês, menor nível desde fevereiro, quando registrou 87,8 pontos. O resultado final do mês será divulgado semana que vem.
O processo de frustração nas expectativas se seguiu à revelação do acordo de delação premiada dos executivos do frigorífico JBS, que envolveu o presidente Michel Temer e aprofundou a crise política.
“Essa queda nas expectativas não é surpresa, já vinha sendo esperada por nós e pelo mercado porque outras expectativas foram revisadas”, disse Tabi, citando as projeções para a atividade econômica e outros indicadores do Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central (BC) com analistas de mercado.
Como a queda foi puxada pelo Índice de Expectativas (IE), a pesquisadora da FGV destacou que a tendência é que o recuo na confiança da indústria perdure em julho. “Junho e julho podem estar prejudicados em termos de investimento e produção”, disse Tabi.