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Ary Graça critica prisão de iraniana que viu jogo

A comoção causada pela prisão da jovem Ghoncheh Ghavami, de 25 anos, por querer assistir a uma partida de vôlei masculino no Irã chegou até a Federação Internacional de Vôlei (FIVB). Presidente da entidade, o brasileiro Ary Graça disse nesta terça-feira que enviou uma carta ao presidente do país asiático Hassan Rohani para rever a punição, que disse ser provocada por “mentalidade neandertal”.

“Essa moça está presa há 127 dias. Ela queria ver um jogo de vôlei, e esse foi o crime que cometeu. Isso é um absurdo, é uma mentalidade neandertal. Por isso, fiz uma carta ao presidente do Irã dizendo que não quero interferir nas leis de cada país. Mas, por um motivo de humanidade, que ele tentasse intervir nesse assunto, pois não tem sentido prender uma moça porque queria ver um jogo de vôlei”, afirmou ao SporTV.

Iraniana com nacionalidade inglesa, a estudante Ghoncheh Ghavami ganhou destaque na imprensa por ter sido detida após ir protestar no entorno da partida entre Irã e Itália em jogo da Liga Mundial, na capital Teerã, por desacordo com as leis do país. No Irã, desde 2012 existe uma proibição para que mulheres frequentem eventos esportivos masculinos com a alegação de que o mau comportamento dos torcedores pudessem mudar a atitude das mulheres.

Para Graça, a argumentação do governo iraniano é uma inversão de valores. “Dizer que a torcida iria perturbar as mulheres não tem sentido, ele que cuide dos torcedores e não das mulheres. Não tive resposta até hoje, mas estamos fazendo pressão através da Federação Iraniana de Vôlei para que isso não se repita”, afirmou.

O presidente da federação também revelou que a rigidez das leis podem prejudicar em futuros torneios internacionais que o Irã deseje sediar. “Isso nos deixa em dificuldade de querer fazer novos eventos no Irã no futuro, na medida em que estamos comprometidos com a inclusão. Não entra na nossa cabeça excluir mulheres. É o mesmo que excluir raças. Apesar de já termos acertado antes, temos o Campeonato Asiático em Teerã. Estamos em contato permanente com Humans Right para convencer que eles têm de mudar o procedimento deles, assim como o Comitê Olímpico Internacional.”

Questionado sobre a ineficiência da federação iraniana em conversar dentro do país sobre o caso, Graça diz que também há um sentimento de medo entre os dirigentes locais. “A Federação Iraniana está mais ou menos com as mãos atadas. Dá a impressão de que se se eles fizeram algo mais expressivo, vão presos também. Não posso prejudicar jogadores iranianos assim como a federação por uma atitude de governo. São coisas completamente separadas. Se o governo está cometendo um engano, os jogadores não têm nada a ver com isso”, disse.

Dentre as manifestantes que foram presas, Ghavami é a única que permanece detida em Evin. Em confinamento solitário, a jovem iniciou uma greve de fome no mês passado. Na última semana, a estudante foi condenada a um ano de prisão e sua família colheu mais de 700 mil assinaturas em petição por sua liberdade.

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