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Juiz espanhol processa Barça e dirigentes por suspeitas na contratação de Neymar

O juiz Pablo Ruz acatou pedido do Ministério Público espanhol e deu início nesta sexta-feira ao processo contra o Barcelona, o atual presidente Josep María Bartomeu e seu antecessor, Sandro Rosell, sob acusação de fraude fiscal na contratação do brasileiro Neymar. O MP havia denunciado o clube e seus dirigentes no início de fevereiro.

No documento oficial apresentado nesta sexta, o juiz acusa Bartomeu e Rosell de terem criado um labirinto de contratos para poder bancar a chegada do brasileiro por um valor acima do declarado às autoridades espanholas. O início do processo é o último passo antes do julgamento do caso.

De acordo com Pablo Ruz, a dupla do Barcelona criou uma trama “com a intenção de ocultar o custo real do jogador”. Segundo o juiz, Neymar custou ao menos 83,3 milhões de euros (cerca de R$ 275 milhões) aos cofres do clube catalão, e não 57 milhões de euros (R$ 188 milhões), como foi divulgado inicialmente pela diretoria do Barcelona.

Na avaliação do juiz, a operação causou prejuízos ao clube, por não direcionar aos seus cofres o valor exato da transação, e à receita federal espanhola, por recolher menos impostos que o devido.

Antes de ser denunciado pelo Ministério Público, o Barcelona fez um pagamento complementar de 13,5 milhões de euros (R$ 44 milhões) à receita espanhola, na tentativa de evitar o processo na Justiça. Mas Pablo Ruz decidiu que este pagamento não isenta o clube da acusação de evasão fiscal.

Neymar chegou ao Barcelona em 2013 em uma aguardada e confusa negociação, envolvendo um contrato direto com o Santos e outros com o pai do jogador, que também é seu empresário. Os vínculos entre Neymar pai e o Barcelona, sem intermediação do time brasileiro, visariam financiar a fundação social criada recentemente pelo atacante e firmar parceria para que o pai ajudasse o Barcelona a prospectar novos talentos no futebol nacional.

A transferência de Neymar, contudo, sofreu questionamentos no Brasil e na Espanha. O Santos entrou na Justiça para ter acesso aos contratos entre Barcelona e Neymar pai. E, em solo espanhol, o MP denunciou o clube por suspeita de evasão fiscal, em razão do valor não declarado envolvido na transação.

Como consequência direta dos questionamentos judiciais, o então presidente Sandro Rosell renunciou ao cargo e Bartomeu, que era seu vice, assumiu o comando do tradicional clube espanhol.

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