As principais jogadoras de vôlei do País iniciaram nesta sexta-feira uma campanha online contra o ranking da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), que classifica todas as jogadoras do País e, supostamente, funciona para que um elenco não seja muito mais forte do que os outros. O ponto dado à oposto Elisângela, a Lili, bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, foi o estopim da revolta.
Elisângela faz parte do elenco do Nestlé/Osasco, onde é reserva. Numa escala que vai de 7 a 1, ela é uma jogadora de 3 pontos, mas, por conta da idade avançada (37 anos), é bonificada e tem apenas um ponto. Carol Albuquerque, Fofão (já aposentada) e Karine também têm apenas um ponto por conta da idade, uma vez que já passaram dos 35.
Cada equipe da Superliga pode ter, no seu elenco, atletas que somem 43 pontos. Elisângela será dispensada pelo Nestlé/Osasco após o Campeonato Paulista porque o time já tem esses 43 pontos.
Para não ter que antecipar a aposentadoria, a jogadora de 37 anos solicitou à CBV que sua pontuação fosse zerada. Isso só poderia acontecer se todos os clubes da Superliga aceitassem a proposta, mas três deles (não revelados) a rejeitaram. Elisângela segue com um ponto e, por isso, não terá espaço no elenco do Osasco.
“Passei por isso e não gostaria que ninguém mais passasse, principalmente uma jogadora que já fez tanto pela nossa seleção e pelo vôlei brasileiro. Estamos perdendo uma grande atleta, que por tantos e tantos anos defendeu brilhantemente a camisa da seleção brasileira”, escreveu Jaqueline no Instagram.
A atacante quase ficou a temporada inteira sem jogar. Como há um limite de atletas de 7 pontos por equipe e ela tem esta pontuação, não tinha espaço em nenhum dos clubes que tinham condições de pagar seu salário. Só durante a temporada é que ela acertou com o Minas – agora está no Sesi.
A campanha online já contou com a postagem de quase todas as jogadoras da seleção brasileira, que postaram com cara de poucos amigos e braços cruzamos, demonstrando insatisfação.
“Indignação, raiva. Resolvi começar com essas palavras porque estes são os sentimentos que nos movem neste momento. É lamentável a indiferença que alguns clubes brasileiros tratam os atletas e para piorar a situação ainda somos obrigadas a conviver com a questão do ranking, que já não era para existir faz tempo, devido à falta de verba da maioria dos clubes do nosso país”, postou Sheiella.
A craque, que está na Turquia – e posou com o uniforme do seu clube – foi quem lançou a campanha em defesa de Elisângela. “Ela fez uma carta solicitando aos clubes para baixarem em um ponto o seu ranqueamento, porque somente assim teria chance de continuar em Osasco e disputar a Superliga. E alguns deles se negaram. Como aconteceu no meu caso na última temporada! O que vai acontecer? Provavelmente o voleibol vai perder uma craque de bola precocemente. É triste, mas é a nossa realidade”, lamentou.