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Pesquisa genética pode ajudar a evitar a morte súbita

Cerca de 800 mil pessoas morrem por ano em todo o mundo vítimas de morte súbita – 250 mil somente no Brasil. Do total de óbitos, 20% estão associados a problemas genéticos e atingem os jovens. No entanto, uma pesquisa genética liderada pelo cardiologista espanhol Ramon Brugada, de 48 anos, com médicos de todo o mundo pode ajudar a evitar casos de morte súbita entre jovens.

Com os irmãos Pedro, de 62, e Josep, de 56, Ramon já pesquisa os marcadores genéticos para morte súbita há 20 anos. Neste período encontrou 13 problemas genéticos que podem causar a morte repentina. “E estamos apenas na metade de tudo o que podemos saber”, ressaltou Ramon.

Esses problemas genéticos, em geral, “fazem com que o coração seja mais rígido, débil, e por isso, ele para de funcionar de repente”. “A doença pode matar pessoas que têm boa qualidade de vida. Então, temos que identificá-las e protegê-las para terem uma vida normal”.

O teste para identificação dos genes de morte súbita – feito a partir da saliva ou do sangue – não é recomendado para todos, explicou o médico, mas apenas para aqueles que têm histórico de morte súbita na família. Os resultados saem em até sete semanas (há dois os resultados dos testes levavam um ano e meio para ficarem prontos). “A genética pode ajudar a complementar as provas técnicas (como testes de doenças cardíacas) e ajudar a salvar vidas, mas é importante que o teste seja lido por um cardiologista especialista em morte súbita ou arritmia cardíaca para que o diagnóstico seja dado corretamente”. A partir dessa identificação, toda a família passa a ser acompanhada, o que pode ajudar a evitar novos casos.

Atualmente, a pesquisa para identificação dos marcadores genéticos de morte súbita está em fase de transição, ou seja, começa a ser colocado em prática após anos de pesquisas. Na Europa, os testes já são realizados em alguns países ao custo médio de dois mil euros e muitas vezes são pagos com recursos públicos mediante aprovação prévia do governo para realização do teste em um paciente.

No Rio, apenas duas instituições estudam a cardiomiopatia hipertrófica (coração hipertrofiado, um dos 13 problemas genéticos já identificados) a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e o Instituto do Coração de Laranjeiras. No entanto, ainda não há previsão de quando os testes poderão ser aplicados na população. “No Brasil ainda somos muito amadores, ainda estamos muito no começo das experiência com testes genéticos”, afirmou Olga Ferreira de Souza, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj).

Enfarte

Os outros 80% dos óbitos são causados, em geral, por problemas como enfarte associado a doenças como diabetes, pressão alta e uso de cigarros e costumam ocorrer em pessoas com mais de 35 anos, a maioria homens. Nesses casos, se forem encontrados marcadores genéticos para morte súbita, o tratamento será associado ao combate a essas doenças.

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