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Pinheiro rebate acusações de uso político dos Correios

Ao lado de toda a cúpula dos Correios, o presidente da estatal, Wagner Pinheiro, rebateu nesta quinta-feira as acusações de uso político da empresa e disse que a estatal vai apurar a entrega de panfletos da petista Dilma Rousseff por um carteiro gravada em vídeo e publicada na internet. “Não há, pelo o que eu vi, uma ilegalidade”, disse Pinheiro. Disponível na rede, o vídeo mostra um homem com o uniforme dos Correios entregando filipetas de campanha da presidente Dilma Rousseff em estabelecimentos, inclusive para a pessoa que registrou as imagens.

Pinheiro disse que tomou conhecimento da gravação hoje e que se trata provavelmente de entrega de material de campanha em “mala direta domiciliária não endereçada”. Segundo o dirigente da empresa, nessa modalidade, os comitês partidários contratam a entrega das propagandas em uma determinada localidade, mas não especificam um endereço. Os carteiros deixam os objetos de campanha para a pessoa que, “se supõe, mora ou está no estabelecimento”, de acordo com Pinheiro.

Ele afirmou que os Correios vão buscar identificar o carteiro e apurar qual trajeto ele estava fazendo. “Nosso departamento vai ver a rota e se ele fez o que está certo. É óbvio que, identificando o carteiro e constatando que não era (mala direta domiciliar sem endereço), vamos ter de investigar”. Questionado sobre o fato de o carteiro ter entregue as filipetas também para as pessoas que filmaram as cenas, Pinheiro justificou o procedimento e disse que elas “estavam paradas na frente do domicílio”. “Me parece que ele (o carteiro) está cumprindo o papel dele”, disse Pinheiro.

Pinheiro convocou uma coletiva ao lado de toda a diretoria executiva dos Correios para rebater o que chamou de “acusações descabidas e injustas”. Ele afirmou que a instituição não será “afetada” por elas e que a estatal está estudando medidas judiciais.

O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, já acusou a estatal de boicotar a entrega de 5,6 milhões de panfletos da campanha tucana em Minas Gerais e anunciou que vai recorrer ao Ministério Público para investigar o fato, enquanto a ex-ministra Marina Silva (PSB) afirmou haver “uso político” da empresa. Ontem, o jornal O Estado de S. Paulo revelou um vídeo no qual um deputado estadual do PT em Minas Gerais diz que Dilma só chegou a ter “40%” das intenções de voto no Estado porque “tem dedo forte dos petistas nos Correios”. “Tenho tranquilidade que não houve prática de crime eleitoral naquele reunião durante o período noturno”, disse Pinheiro, que participou do encontro.

Pinheiro também foi perguntado sobre o fato de as filipetas, no vídeo disponível na internet, serem distribuídas de forma avulsas e aparentemente sem identificação dos Correios. De acordo com ele, as correspondências podem fazer parte do lote de panfletos da campanha de Dilma que foi distribuído sem chancela. “É possível que faça parte daqueles que estavam sem chancela. Pode ser, se bem me lembro não tinha o outro lado (da filipeta). Pode ser que tenha sido sem chancela”, afirmou.

O jornal também mostrou, há duas semanas, que foram distribuídos 4,8 milhões de panfletos da campanha de Dilma sem chancela. A estampa, prevista em norma da própria estatal, serve para demonstrar que houve pagamento para o envio, de forma regular, da propaganda eleitoral. Sem ela, é difícil atestar que a quantidade de material distribuído corresponde ao que foi contratado pelo partido. Pinheiro disse hoje que essa exceção foi aberta “para um conjunto grande de partidos” e que, perto do total de objetos de campanha intermediados pela estatal (141,7 milhões), trata-se de uma “quantidade pequena”.

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