O diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, disse nesta quarta-feira, 5, que as chuvas observadas nos últimos dias apenas levaram a vazão afluente no Sistema Cantareira de volta ao mínimo histórico. “Estávamos vendo uma vazão de 50% a 60% do mínimo histórico”, disse.
Para ele, embora a chegada das chuvas observadas até agora sejam “alentadoras”, ainda não representa uma retomada da normalidade e, como agravante, pode trazer leniência no consumo. “Ainda tem um período crítico pela frente, para permitir uma acumulação para atravessar o próximo período seco com segurança”, disse, durante sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de São Paulo que investiga o contrato entre a Prefeitura paulistana e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Diante disso, ele defendeu que o Sistema Cantareira – único, entre os mananciais que atendem a região metropolitana de São Paulo, que possui regulação federal – seja gerenciado do ponto de vista da segurança hídrica, tendo em vista o regime de chuvas atual e a definição de uma meta a ser atingida no futuro próximo, mesmo que isso possa levar a uma menor oferta de água.
Questionado diversas vezes se a redução da oferta deveria levar a um racionamento, Andreu comentou que essa é uma medida que compete à Sabesp e se negou dar sua opinião sobre a necessidade de a Sabesp decretar um rodízio. “Se a redução da oferta levará a um racionamento ou rodízio, depende do operador do sistema, precedido por decreto de escassez hídrica a ser efetuado pelo detentor da concessão, o que não foi feito até o momento”, limitou-se a dizer.
A metodologia de definição da oferta no Sistema Cantareira com base em uma meta a ser alcançada no futuro já foi proposta pela Ana para a definição de autorização do uso da segunda parcela do volume morto. No entanto, tem enfrentado certa resistência estadual. A sugestão foi encaminhada ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) do Estado de São Paulo em 17 de outubro, mas só obteve um retorno ontem. Segundo Andreu, a resposta do órgão estadual está em análise por parte da ANA e, se não houver consenso, as discussões continuarão.
O diretor da ANA comentou que haveria uma terceira parcela de volume morto, no montante de 162 milhões de metros cúbicos, mas a extração desse montante adicional depende de novos investimentos.