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Alunos entendem conteúdos de maneira prática em aulas de culinária

A onda de mestres-cucas nos colégios também ajuda estudantes com dificuldades de aprendizagem. Um dos principais benefícios pedagógicos para esse grupo, segundo as escolas, é trabalhar o conteúdo na prática, o que vale para crianças pequenas e alunos mais velhos.

É o caso da Escola Graphein, em Perdizes, zona oeste da capital. “O aluno com dificuldade de aprendizagem tem problemas com a teorização. Essas atividades são mais concretas e próximas da realidade”, explica Cátia Alves, coordenadora do colégio. Para cada faixa etária, segundo ela, muda o aprofundamento de um mesmo conceito.

O colégio faz da cozinha um laboratório de ciências – a produção de salsicha, por exemplo, rende discussões em Química, Matemática, Biologia e História. “Estudamos a tabela de nutrientes, fazemos contas sobre a quantidade de calorias e pesquisamos sobre a história de cada alimento”, diz Joseph el Jamal, de 15 anos. E a lição não pode terminar melhor: um cachorro-quente coletivo.

Jamal, que já teve dificuldades em outros colégios, acredita que essa alternativa à sala de aula tradicional aumenta o interesse dos alunos. “Aprendemos de uma maneira prazerosa. É um momento divertido, em que ficamos juntos e damos risadas”, afirma o adolescente, do 9º ano do ensino fundamental.

Na dose certa

As aulas de mão na massa, para especialistas, ajudam a tratar temas áridos de forma lúdica, mas precisam ser bem “amarradas”. “Deve fazer parte de um projeto maior, que contextualiza as funções práticas dos conteúdos”, explica Ivaneide Dantas, do Instituto Singularidades, especializado na formação docente.

Além dos conteúdos tradicionais, de acordo com ela, é importante não perder a oportunidade de dar orientações sobre saúde. “A escola pode discutir o que é alimentação de qualidade e o valor dos produtos orgânicos”, diz Ivaneide.

A diretora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Neide Noffs, afirma que atividades de culinária precisam ser descontraídas, sem as mesmas regras das classes convencionais. “Não pode haver avaliação ou cobrança.”

Para a ela, o ideal é trabalhar com turmas pequenas, de oito a dez alunos, para que todos possam participar, além de ter supervisão contínua da professora. “Não dá para fazer com grupo de 30”, diz Neide, favorável às atividades diversificadas. “Gostar de algo depende da oportunidade de conhecer.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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