O total de consultas básicas oferecidas pela rede municipal de saúde caiu 11% nos últimos dois anos. O número de atendimentos realizados dentro da chamada Atenção Básica, área responsável pela promoção da saúde e prevenção de doenças, passou de 15,4 milhões, em dezembro de 2012, para 13,7 milhões, em fevereiro deste ano.
A queda é explicada por um esvaziamento na agenda das Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs). De acordo com dados fornecidos pela gestão Fernando Haddad (PT), o número de atendimentos realizados pelas atuais 98 unidades caiu 24% de 2012 para cá. Já nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) o total de consultas ficou praticamente estagnado – a alta foi de 1,3% no período.
Na capital, tanto AMAs como UBSs são responsáveis por prestar o atendimento inicial ao paciente. Segundo especialistas, ao menos 80% dos problemas da população podem ser diagnosticados e tratados dentro da rede de Atenção Básica.
Extraoficialmente, a Secretaria Municipal da Saúde alega que a redução significativa no número de consultas em AMAs é reflexo da dificuldade que enfrenta para contratar clínicos que assumam plantões médicos de 12, 20 ou 40 horas semanais, sobretudo nas regiões mais periféricas.
Mas a falta de médicos não explica tudo. No período analisado, a rede de AMAs básicas, que funcionam 12 horas por dia, perdeu duas unidades.
Pelo menos uma foi fechada para dar lugar a uma Rede Hora Certa, equipamento criado pela atual gestão para ofertar consultas de especialidades, exames e pequenas cirurgias.
Moradora do Itaim Paulista, na zona leste, a pedagoga Gildete Silva de Jesus, de 60 anos, lamentou o fechamento, no ano passado, da AMA Texima. “Eu sei que a abertura da Rede Hora Certa foi uma coisa boa para a região, mas poderiam ter continuado com os dois serviços.”
Questionada sobre a redução de consultas, a Secretaria Municipal se limitou a dizer que os números são preliminares, “pois o prazo para consolidação dos dados é de até 90 dias após o encerramento do mês”.
O balanço de 2014 mostra ainda que na Atenção Especializada o cenário ficou estável. Somados os serviços de AMAs Especialidades, ambulatórios de especialidades e Rede Hora Certa, o número de atendimentos cresceu 0,6% entre 2012 e 2014. A fila geral diminuiu.
Hoje, há 667 mil pessoas na espera por algum procedimento médico. Há dois anos, eram 810 mil.
Crítica
O prefeito Fernando Haddad criticou ontem a reportagem do Estado que mostrou aumento de 10,7% na fila para procedimentos cirúrgicos. “A cirurgia é sobretudo atribuição do governo do Estado”, disse. Segundo ele, os procedimento passaram de 100 mil, no começo da gestão, para 107 mil.
A Secretaria Estadual afirmou que a “Prefeitura, como gestora plena do sistema na capital, é a responsável por sua demanda reprimida de cirurgias”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.