A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) contratou um estudo técnico para mapear áreas na Região Metropolitana onde seja possível perfurar 200 poços artesianos. Segundo a empresa, a medida faz parte do “plano de contingência” para enfrentar a atual crise, que ameaça o abastecimento de água de 20 milhões de pessoas na Grande São Paulo.
“Trata-se de um planejamento para considerar mais essa fonte de água para abastecimento da metrópole, aumentando a segurança hídrica. A partir do diagnóstico, o estudo vai mapear a possibilidade de perfuração de 200 poços e de sua utilização para o abastecimento público, apenas se for necessário, ou seja, não significa que esses poços serão criados”, informou a Sabesp, em nota.
O contrato no valor de R$ 2,9 milhões foi fechado por dispensa de licitação com a Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (FUSP) pelo prazo de um ano. O estudo será feito pelo Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas do Instituto de Geociência da Universidade de São Paulo (Cepas/USP) e coordenado pelo Departamento de Planejamento Integrado da Diretoria Metropolitana da Sabesp.
Em outubro de 2014, o jornal O Estado de S. Paulo revelou um levantamento feito pelo Cepas segundo o qual o estoque de água subterrânea na Grande São Paulo tem capacidade para produzir 16 mil litros por segundo, mas 40% dessa oferta está ociosa. Esse volume inutilizado de 6 mil litros por segundo seria suficiente para abastecer cerca de 1,8 milhão de pessoas, ou seja, toda a população das cidades de Guarulhos e Mauá juntas.
A Sabesp não informou quais regiões da Grande São Paulo podem receber os poços e a partir de quando eles podem ser perfurados. O plano de contingência da companhia também não foi divulgado, fato criticado por prefeitos, promotores, ONGs e especialistas em recursos hídricos.
Segundo o Estado apurou, o estudo para perfurar poços tem como objetivo deixar pronta uma alternativa segura de abastecimento de água para hospitais, escolas e presídios caso a Sabesp faça um rodízio oficial na Grande São Paulo.
Segundo o secretário paulista de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) vai aguardar o fim deste mês, que também marca o término do período chuvoso, para avaliar o estoque de água superficial nos reservatórios e definir se fará ou não um rodízio no abastecimento, que deve ser de 4 dias sem água e 2 com. Atualmente, a Sabesp reduz a pressão da água e fecha os registros das ruas durante boa parte do dia, o que já provoca longos cortes no abastecimento.