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Cartel tinha regulamento semelhante a de campeonato

Para ratear entre si as obras da Petrobras, o cartel de empreiteiras investigado na Operação Lava Jato elaborou um regulamento semelhante às normas de um “campeonato de futebol”. A revelação foi feita pelo executivo Augusto Ribeiro de Mendonça, da Toyo Setal, em depoimento à Polícia Federal.

Segundo ele, as normas do “clube” de empreiteiras chegaram a ser escritas e eram de conhecimento das empresas participantes. Porém, os registros foram destruídos após a Operação Lava Jato ser deflagrada, em março, devido ao risco de ser usados como prova pelos investigadores. “Em algum momento, alguém escreveu essas regras, como se fossem (de) um campeonato de futebol, para evitar discussões entre as empresas do clube”, afirmou, acrescentando que os autores do regulamento eram, possivelmente, os dois “coordenadores” do cartel: Ricardo Pessoa e Antônio Carlos, da UTC.

Mendonça – que aceitou fazer delação premiada, em troca de redução de pena – descreveu as 16 regras. Aos investigadores, disse que as empreiteiras se reuniam regularmente para escolher com qual obra da Petrobras cada uma ficaria. Dessas reuniões, revelou, participavam representantes de 16 empresas do setor de infraestrutura. As integrantes do cartel davam notas para os projetos da Petrobras, de 1 a 3, conforme suas prioridades. A partir daí, discutiam os preços a ser apresentados nas licitações. As vencedoras eram previamente definidas. As demais participantes das concorrências entravam como figurantes.

Como nos jogos de futebol, as empresas, segundo Mendonça, eram chamadas de “equipes” e participavam de “rodadas” para definir quais seriam as executoras de projetos bilionários da estatal. O regulamento do cartel previa formas para solucionar conflitos, em caso de disputa acirrada por uma mesma obra. Caso não se chegasse a um consenso, as demais empreiteiras entravam na discussão, visando a uma decisão da maioria.

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