O presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB), deixou a reunião da comissão pouco antes do término dizendo que sua missão do dia havia sido cumprida. Entre as missões do peemedebista estavam a aprovação de acareações, quebras de sigilo e a convocação do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.
Motta disse considerar a convocação de Okamotto como oportuna. “As denúncias sobre o Instituto Lula são muito fortes. Ninguém melhor que Paulo Okamotto para explicar o porquê dessas doações”, argumentou o peemedebista.
Os petistas deixaram a sessão reclamando do atropelo na votação e acusando o PMDB de por em discussão apenas convocações seletivas. Personagens como Júlio Camargo, da Toyo Setal, e Jayme de Oliveira Filho, conhecido como Careca, que aparecem nas investigações da Operação Lava Jato apontando o envolvimento de peemedebistas ilustres no esquema de corrupção, ficaram de fora das convocações. “Fica evidenciado que foi uma seleção”, reclamou o relator Luiz Sérgio (PT-RJ).
Motta disse que priorizou os requerimentos considerados mais importantes por quem “entende da investigação”, como acareações e quebras de sigilo. “Eles podem até ser prioridades, mas muito mais prioridade são as acareações e quebras de sigilo”, desconversou.
Luiz Sérgio lamentou a convocação de Okamotto e lembrou que a Camargo Corrêa também doou recursos para o Instituto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Essa é uma evidência clara de querer partidarizar o processo de disputa”, comentou o petista. O relator também criticou a aprovação de mais de 100 requerimento de “maneira tão dispersa para se contrapor a um congresso de um partido”.
O vice-presidente da CPI, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), considerou “excelente” a votação da CPI, em especial a convocação de Okamotto. “Acho até que interessa ao ex-presidente Lula vir aqui e explicar”, sugeriu.
Ação casada
A sessão da CPI, que aprovou 140 requerimentos na manhã desta quinta-feira, 11, foi marcada por uma breve obstrução do PT e pela ação orquestrada entre Motta e o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Na CPI, a oposição conseguiu se sobrepor à ação dos petistas e impôs a votação em conjunto de todos os requerimentos. Como a ordem do dia no plenário havia começado com a retomada da discussão sobre a Reforma Política, a CPI estava impedida de prosseguir a votação. Com o argumento de se reunir com os líderes partidários, Cunha suspendeu a sessão por alguns minutos no plenário, o que permitiu a finalização da votação na CPI.
“O presidente Eduardo Cunha tem dado uma dinâmica na Casa e na CPI aqui temos uma dinâmica intensa, então às vezes tem de fazer um tipo de sincronia para que uma não atrapalhe a outra. Talvez tenha acontecido isso”, declarou Imbassahy.