A transferência de 60 dependentes químicos atendidos pelo Programa De Braços Abertos do Hotel Laid, o último na região da Cracolândia, na região central de São Paulo, está emperrada. Com isso, atrasou em um mês a saída dos beneficiários que estão abrigados no lugar. Inicialmente, o término da mudança estava previsto para agosto.
O fato de a gestão Haddad estar no fim travou a conclusão da transferência. Em sua nova fase, a coordenação do programa previa retirar todas as 160 pessoas atendidas na Cracolândia para hotéis na Consolação e no Parque D. Pedro. Em agosto, a gestão descredenciou os hotéis Kelly, Anexo e Avaré, que somavam cem beneficiários. A maioria foi para o novo hotel da Prefeitura, o Dom Pedro.
O objetivo da medida era romper o contato das pessoas atendidas nos hotéis com o chamado fluxo, a aglomeração dos usuários de drogas na região. O Hotel Laid seria o último a ser descredenciado. Os moradores e a dona do lugar, Laid dos Santos, dizem que não foram comunicados pela Prefeitura sobre o descredenciamento. Mas o secretário municipal da Segurança Urbana, Benedito Mariano, nega e diz que já informou.
Segundo Mariano, a insegurança do “contexto eleitoral” fez um dos sócios de um prédio na Consolação – que estava em negociação para receber os 60 beneficiários do Laid – desistir de firmar contrato de um ano com a Prefeitura. De acordo com Mariano, o dono do prédio tem medo de que a próxima gestão não mantenha o contrato. Mesmo assim, o secretário prevê que, até o fim de setembro, os últimos participantes do programa tenham saído do Laid.
A Prefeitura enfrenta ainda outras resistências. Beneficiado pelo programa e abrigado no hotel, Marcelo Aparecido de Oliveira, de 32 anos, diz que não quer sair. Ele mora ali há dois anos. “Não concordo que o fluxo é ruim para quem está no De Braços Abertos. Tudo depende da cabeça e da força de cada um”, diz. “Temos uma harmonia aqui, somos uma família.”
Para Brenda Bracho, que também é beneficiária e trabalha na limpeza do hotel, os participantes do De Braços Abertos não podem ser penalizados. “É o fluxo que precisa ser retirado, e não os hotéis, não a nossa moradia. Aqui é a nossa casa.”
Além dos pessoas já atendidas, outras 70 serão, segundo a Prefeitura, incluídas na Vila Leopoldina, na zona oeste, 70 na Vila Mariana e no Ipiranga, na zona sul, 70 no MBoi Mirim, na zona sul, e 60 em Cidade Tiradentes, na zona leste. O programa já tem uma unidade fora da Luz, na zona norte da cidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.