O governo da Grécia lançou nesta segunda-feira negociações complexas com seus credores, mas enfrentou o revés do vazamento da informação de que o ex-ministro das Finanças Yannis Varoufakis formou um comitê secreto para planejar a possível conversão de euros em dracmas.
O ministro das Finanças, Euclid Tsakalotos, disse no fim da segunda-feira que as reuniões em Atenas começaram entre funcionários gregos e as equipes de negociação que representam os credores e que as conversas devem se intensificar nesta terça-feira, abrindo caminho para discussões de nível mais alto possivelmente no fim da semana.
Antes das conversas começarem em Atenas, uma gravação de Varoufakis discutindo um plano paralelo foi tornada pública. Os partidos de oposição criticaram Varoufakis e pediram ao primeiro-ministro Alexis Tsipras que explique aos parlamentares o que sabia sobre as ações de seu ex-ministro.
Na gravação de um telefonema que era um briefing a investidores, em 16 de julho, dias antes de renunciar, Varoufakis disse que ele e um amigo de infância que era especialista em computação conseguiram invadir os sistemas de computação do ministério como um primeiro passo para criar “um sistema bancário paralelo”, caso os bancos gregos fossem fechados. Os bancos gregos acabaram sendo fechados em 29 de junho, para evitar uma corrida bancária diante do temor de que o país abandonasse o euro.
Varoufakis disse que foi autorizado por Tsipras a adotar o plano antes da eleição geral em janeiro, quando o partido de esquerda Syriza de ambos subiu ao poder. Ele insistiu que as ações eram legais, voltadas para o interesse público e com o objetivo de manter o país na zona do euro. O plano, que Tsipras acabou bloqueando, criaria um “sistema paralelo funcional”, para dar ao governo “algum espaço para respirar”. Varoufakis confirmou a autenticidade da gravação, divulgada pelo organizador do briefing, o Official Monetary and Financial Institutions Forum, sediado em Londres.
Os partidos de oposição criticaram as atitudes do ex-ministro. O Nova Democracia, principal sigla conservadora, disse que o ex-ministro usava “métodos obscuros que ameaçam a democracia” e convocou Tsipras para falar no Parlamento. O premiê está sob pressão para convocar eleições antecipadas, assim que as discussões sobre o pacote de ajuda forem finalizadas. Fonte: Associated Press.
