A decisão do Banco Central de subir os juros para 13,75% ao ano e manter o comunicado da reunião anterior do Copom foi “correta”. E ela pode ajudar a baixar as expectativas de mercado relativas à inflação para 2016. A avaliação é do diretor de pesquisas para a América Latina da Goldman Sachs, Alberto Ramos. “Até a reunião que será encerrada no dia 29 de julho, o Copom vai analisar o desempenho da inflação, do câmbio e da atividade para definir o próximo passo da política monetária”, comentou. “Até lá, será importante a comunicação do BC sobre a economia na divulgação da ata na próxima semana e no Relatório Trimestral de Inflação de junho, que será divulgado no final deste mês”, acrescentou.
Na avaliação de Ramos, se o relatório de inflação de junho apontar que as projeções do BC no cenário de referência estão “se alinhando” com a meta de 4,5% ao final de 2016 e ficando “levemente abaixo” dessa marca no primeiro semestre de 2017, pode ser que a instituição sinalize que teria condições de encerrar o ciclo de alta de juros em julho. “Nesse contexto, caso o câmbio fique entre R$ 3,10 e R$ 3,20 até a próxima reunião, o Copom poderá parar o ciclo de alta com uma elevação residual de 0,25 ponto porcentual em julho”, destacou.
“No entanto, se o câmbio variar de R$ 3,30 a R$ 3,40 nesse período, o BC deverá subir os juros em 0,50 ponto porcentual em julho. No entanto, não estaria encerrado o movimento de elevação da Selic e é bem provável que o Copom vá esperar o encontro que ocorrerá no inicio de setembro para tomar sua decisão.”
Gradual
A decisão do Copom de elevar a taxa Selic para 13,75% ao ano mostra que a autoridade monetária se mantém firme no processo de ajuste na economia, na avaliação do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. “A repetição do comunicado reforça uma leitura de que vai ter mais uma alta de 0,50 ponto na próxima reunião e de mais 0,25 ponto para depois encerrar o ciclo de aperto monetário”, afirmou.
Para o economista, a decisão do BC mostra determinação em jogar a expectativa da inflação para o centro da meta em 2016. “Temos um cenário de inflação persistente”, disse. Segundo Perfeito, a situação atual apresenta “dois choques” importantes para a inflação, que são o dos preços administrados, que foram liberados, e o do câmbio. “Eles sobem os juros agora para conter isso, mas lá para frente vão cortar forte, tanto é que trabalho com a expectativa de uma Selic de 11% no final de 2016”, explicou, ressaltando que o BC já teve um comportamento similar em 1999 e 2003.
Perfeito diz que o “sentimento” do mercado em relação à inflação deve mudar nas próximas semanas. “Acho que podemos ter quedas mais sensíveis na inflação esperada para 2016, chegando em algo mais próximo da meta de 4,5%”, avalia. Ele pondera que para que esse cenário se efetive é preciso que os salários reais mantenham uma trajetória de queda mais forte. “Enquanto (os salários) não caírem de maneira relevante para controlar os preços dos serviços, ainda vai ser difícil, mas acho que vai começar a cair”, afirmou.