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Afastamento de Renan aumenta incertezas políticas no Brasil, destaca FT

O jornal britânico Financial Times deu destaque nesta terça-feira, 6, ao afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “A Suprema Corte do Brasil afastou na segunda-feira o chefe do Senado, Renan Calheiros, depois de ele ter se tornado suspeito em um caso de corrupção, aumentando a incerteza política no País”, diz a publicação.

De acordo com o periódico, a suspensão do “poderoso líder político”, que presidiu o processo de impeachment no Senado da ex-presidente Dilma Rousseff em agosto, coloca em xeque o calendário de uma agenda crucial de reforma fiscal na Casa, que está sendo proposta pelo presidente Michel Temer.

Renan é apontado como uma figura-chave do partido de Temer, que tenta aprovar uma lei controversa para congelar os gastos fiscais em termos reais por até 20 anos. A reportagem lembra que a votação final sobre a legislação, cuja perspectiva levou os mercados a subir nos últimos meses, deve ser divulgada na próxima semana.

O FT cita que hoje o presidente deveria apresentar ao Congresso um projeto ainda mais desafiador, da reforma do sistema previdenciário, considerado “supergeneroso” no Brasil. Renan ainda pode recorrer da decisão. Para o Financial Times, a suspensão em um momento crucial da agenda legislativa é um golpe para o presidente.

O periódico relembra que o afastamento marca a terceira vez que uma figura-chave na sucessão democrática do Brasil foi removida do cargo este ano. A primeira a ser retirada foi Dilma, seguida pelo poderoso ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que agora está em prisão preventiva em um caso de corrupção na estatal petroleira Petrobrás.

Já Renan se tornou suspeito em um caso de corrupção no qual ele teria feito pagamentos fraudulentos usando dinheiro dado por uma empresa de construção civil. Ele nega.

O então presidente do Senado, relata ainda o FT, foi visto como o líder de uma iniciativa surpresa no Congresso na semana passada para introduzir medidas para combater o “abuso de autoridade”, no qual a Casa procurou tornar os promotores e juízes sujeitos a julgamento por perseguir suspeitos. “O movimento foi visto como uma tentativa mal disfarçada pelo Congresso de se proteger do crescente caso da Petrobras, que ameaça implicar políticos em todo o espectro político.”

Essa ação, trouxe a reportagem, fez os brasileiros voltarem às ruas no fim de semana no maior protesto no País desde o impeachment de Dilma Rousseff.

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