A taxa de 0,56% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em agosto destoou ligeiramente da inflação de 0,54% estimada pelo coordenador do IPC, André Chagas. “Habitação descolou um pouco para cima, pois percebemos que alguns depósitos de botijão de gás já estavam reajustando seus preços, aparentemente se antecipando ao aumento autorizado para a Petrobras”, disse.
“Isso fez com que Habitação escapasse um pouco do previsto, o que foi parcialmente compensado pela queda um pouco maior em Alimentação (-0,52%)”, completou. A previsão da Fipe para o grupo Habitação era de 1,45% e, para Alimentação, -0,44%. Os demais grupos, disse Chagas, ficaram dentro do esperado.
A maior pressão em Habitação, e do IPC, foi o item energia elétrica, que subiu 9,76% e respondeu por 58,12% de toda a inflação do mês, encabeçando a lista dos itens em alta que mais contribuíram para a inflação. “Energia continuou fazendo estrago e agora teremos gás de botijão, com peso que não é desprezível dentro do IPC”, disse.
A Petrobras reajustou no dia 1º o preço médio do Gás LP, o gás de botijão, em 15%. Se a alta for repassada integralmente ao consumidor, a Fipe calcula que o impacto no IPC é de 0,16 ponto em 2015. “O efeito vai ser dividido entre setembro e outubro. Se já aparecer na pesquisa de ponta desta semana, pico deve ser na virada do mês”, disse Chagas.
O coordenador afirmou que a “boa notícia” é que os alimentos estão ajudando a segurar a inflação. A forte queda de 0,52% do grupo no mês passado foi puxada pela deflação de produtos in natura (-3,42%) e semielaborados (-0,73%).
Os itens industrializados, por sua vez, subiram 0,41%, assim como Alimentação Fora do Domicílio, que avançou 0,77%. Batata (-14,90%), tomate (-12,05%) e cebola (-10,84%) lideraram o ranking das quedas que mais contribuíram para o IPC em agosto. Segundo Chagas, entre os in natura, “ovos foram a única alta”, de 0,50%.