A Justiça de São Paulo aceitou a denúncia da Promotoria contra 40 advogados, 14 detentos e o vice-presidente do Conselho de Defesa da Pessoa Humana (Condepe), Luis Carlos dos Santos, por envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e lavagem de dinheiro, entre outros crimes.
Os advogados e Santos foram presos na Operação Ethos, montada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. Segundo as investigações, os advogados eram usados para levar recados e ordens da cúpula da facção, presa na Penitenciária de Presidente Venceslau 2, no interior, para os demais criminosos que estão na rua.
Os magistrados, ainda segundo a polícia, recrutavam “laranjas” para abrir contas bancárias e receber dinheiro do crime organizado.
Santos confessou sua participação no esquema e está colaborando com a Justiça. Os advogados negam as acusações e alguns impetraram pedidos de habeas-corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) para responder às acusações em liberdade. Todos foram negados.
No seu despacho, o juiz Gabriel Medeiros diz que há “existência de provas do fato e de indícios razoáveis de sua autoria, bem como presentes as condições da ação e os pressupostos processuais”.
O magistrado decretou a prisão preventiva de todos os réus. No caso dos detentos, entre eles, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, a medida suspende qualquer benefício previsto na lei de execuções penais, como progressão de regime e saídas temporárias.
Plano de saúde
A investigação também descobriu que a cúpula do PCC usufruía de “plano de saúde” com gastos mensais de cerca de R$ 400 mil. Os presos recebiam atendimento de médicos particulares, como dermatologistas, fisioterapeutas, clínicos gerais e até massagistas. Os honorários cobrados, segundo as investigações, eram bem acima do preço de mercado.
Marcola pediu até para colocar botox para tirar pés de galinha, mas a Justiça não autorizou. Só em 2015, foram feitas cerca de 100 cirurgias particulares autorizadas pela cúpula do PCC.