O Grupo AES Brasil não vai participar do leilão de energia nova A-5, marcado para a sexta-feira, 29, e que negociará energia a ser fornecida a partir de 2021. A informação é do presidente da companhia, Julian Nebreda, que salientou que não haverá a presença do grupo no certame nem na ponta compradora, por meio das distribuidoras AES Eletropaulo e AES Sul, nem na ponta vendedora, por meio da geradora AES Tietê.
Durante seu primeiro encontro com jornalistas brasileiros desde que assumiu o cargo, Nebreda mostrou preocupação com a atual situação de sobrecontratação das distribuidoras, em meio a um cenário de queda da demanda. Conforme o executivo, a queda no consumo que tem se verificado é maior que a esperada.
Ele sinalizou que na área de concessão da Eletropaulo, após um recuo de 5% registrado no ano passado, em 2016 deverá haver uma nova baixa no mesmo patamar. Isso intensifica o quadro de sobrecontratação, que no caso da distribuidora paulista é de 112% da demanda, pouco abaixo dos 113% de média do sistema no Brasil.
“O tema da sobrecontratação é de central urgência para resolução”, disse. “Não é de uma urgência para amanhã, é para hoje”, disse. Ele lembrou que órgãos de governo e agentes do setor já têm conversado sobre o assunto e que o governo já lançou algumas medidas para enfrentar a situação, como a liberação para que distribuidoras e geradoras com usinas atrasadas negociem bilateralmente os contratos de fornecimento de energia nova. Mas Nebreda defendeu a necessidade de maior flexibilização, “para que mercado não tenha que contratar toda a demanda”.
Para o executivo venezuelano, que chegou ao Brasil há um mês, a atual situação política não deve afetar a resolução de questão, porque o assunto é técnico. “O ministério tem uma equipe técnica e preparada”, disse.
O presidente do grupo AES também defendeu uma revisão do modelo de formação do preço de liquidação das diferenças (PLD), de modo a favorecer uma melhor gestão dos recursos hídricos e a permitir alguma estabilidade de preço. “É importante revisar o preço spot para elevar os níveis de confiabilidade e reduzir a volatilidade”, disse.
O executivo participou de entrevista coletiva à imprensa para lançamento de uma nova empresa do grupo, a AES Ergos, uma empresa de serviços não regulados que se propõe a atuar como integradora de soluções de energia para os clientes, em projetos de geração distribuída, eficiência energética, cogeração, consultoria e inovação. A expectativa do grupo é que a nova empresa tenha uma receita acumulada de R$ 1,2 bilhão até 2020. Estudos da AES apontam que o potencial de mercado é de R$ 19 bilhões.