Há riscos de baixa para a economia norte-americana, diz presidente do Fed

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, advertiu nesta quarta-feira, 10, que há "riscos de baixa" para a economia dos Estados Unidos, no quadro atual. Durante evento virtual do Clube Econômico de Nova York, Powell comentou que não é possível garantir quando haverá a chamada "imunidade de rebanho" para a covid-19, possibilitando uma reabertura total da economia.

Powell disse que, a partir de declarações de especialistas do setor de saúde, tem como cenário-base que esse controle da pandemia pode ocorrer em meados deste ano, mas ressaltou que existem incertezas e que isso não é garantido.

Nesse contexto, o presidente do Fed descartou qualquer interesse neste momento dos dirigentes em conduzir uma redução no balanço do banco central. "O balanço do Fed terá o tamanho que tiver de ter para apoiar a recuperação", ressaltou.

Ele também disse que não há preocupação no BC sobre a capacidade do governo americano se financiar.

Questionado sobre o apoio fiscal, Powell lembrou que cabe aos funcionários eleitos – o presidente e os legisladores – decidir sobre esse assunto. Anteriormente, Powell havia mencionado o papel "essencial" da política fiscal, neste momento.

<b>Mercado de trabalho</b>

O presidente do Federal Reserve afirmou ainda nesta quarta que uma melhora que ocorria no mercado de trabalho "estagnou em meses recentes", diante de nova onda da covid-19 nos Estados Unidos. No evento do Clube Econômico de Nova York, o dirigente reafirmou o compromisso de fazer "todo o possível" para buscar o máximo emprego, alertando que o mais importante, neste momento, é conter a pandemia "no curto prazo".

Powell disse que a recuperação econômica nos EUA surpreendeu inicialmente, mas complementou que "estamos ainda longe de um mercado de trabalho forte, cujos benefícios são amplamente compartilhados".

Ele lembrou que o emprego em janeiro deste ano estava quase 10 milhões da vagas abaixo do nível de fevereiro de 2020, a maior diferença desde o fim da Grande Recessão do fim dos anos 2000.

Também citou o fato de que quase 5 milhões de pessoas diziam, em janeiro, que a pandemia as impedia de buscar trabalho, em um contexto no qual o vírus e cortes de empregos em algumas áreas, como no setor de serviços, levaram muitos a deixar a força de trabalho.

O presidente do Fed alertou, nesse contexto, para o aumento de desigualdades "já elevadas" no mercado de trabalho americano. Além disso, lembrou que pode haver efeitos de longo prazo para esse mercado, seja para os próprios trabalhadores, seja para a economia como um todo. "E sabemos a partir da expansão anterior que pode levar muitos anos para reverter o estrago."

Para Powell, a volta ao pleno emprego "não será tarefa fácil". Além da necessidade de conter a covid-19 o mais rápido possível, ele reafirmou que a política monetária acomodatícia será mantida "pelo tempo que for necessário". Considerou ainda a polícia fiscal "essencial nesta recuperação", enfatizando também a importância do governo e do setor privado para apoiar a retomada no mercado de trabalho.

O presidente do Fed lembrou que, nas últimas três décadas, a inflação tem sido mais baixa e mais estável do que anteriormente. Ele afirmou que o Fed esperará que a própria inflação atinja a meta de 2%, não as expectativas sobre ela, notando que não espera um salto da inflação no curto prazo.

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