O mês de março deve terminar com uma queda de 25% a 30% na venda de veículos novos em relação a igual período do ano passado, estimou nesta segunda-feira, 28, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. “Com o agravamento da crise política, tivemos um resultado pior do que esperávamos”, explicou o executivo, em palestra de abertura da sétima edição do Fórum da Indústria Automobilística, em São Paulo.
O presidente da Anfavea ponderou que, na comparação com fevereiro, contudo, o desempenho do mercado é de alta de 20% a 25%, em razão do número menor de dias no mês anterior. Na média diária, o ritmo ficou estável. Faltando quatro dias úteis para terminar março, Moan projeta que a venda de veículos novos deve ficar entre 165 mil e 175 mil unidades.
Apesar do resultado pior que o esperado em março, Moan disse que mantém as previsões da Anfavea para 2016, de queda de 7,5% na venda e de crescimento de 0,5% na produção. “O resultado de um único mês é insuficiente para fazer uma revisão”, afirmou. “E eu continuo acreditando em um início de recuperação no último trimestre deste ano”, complementou. No primeiro bimestre, as vendas acumulam queda de 31,31% ante igual período do ano anterior.
Segundo Moan, os resultados mais fracos em 2016 têm resultado em uma maior ociosidade das montadoras. Ele estima que o nível de utilização da capacidade produtiva de todo o setor, nos primeiros meses do ano, ficou em 46%, contra 52% no ano passado. Para o segmento de caminhões e ônibus, o cenário é ainda pior, com uma nível de utilização de 18%. Neste caso, Moan não detalhou o patamar do ano passado.
O presidente da Anfavea tem apenas mais um mês à frente do cargo. Ele será substituído por Antonio Megale, executivo da Volkswagen que assumirá o posto no próximo dia 25 de abril. “Quando eu assumi (em abril de 2013), eu sabia que teria uma gestão de crise, já que o setor é cíclico e nós já tínhamos passado pelo nosso ciclo (de alta) nos últimos sete anos. Porém, eu não imaginava que teríamos uma crise tão profunda”, afirmou.
Consultoria
A venda de veículos leves no Brasil deve enfrentar queda de 24% em 2016 ante 2015, estima Fernando Trujillo, consultor sênior da IHS Automotive. Com isso, o volume de unidades deve ficar em 1,89 milhão. No ano passado, a retração dos leves foi de 25,5%. Para a produção das montadoras, Trujillo espera um recuo de 12,7% na mesma comparação, depois de uma baixa de 22,8% no ano passado.
Para o analista, a expectativa de uma queda quase tão forte quanto a do ano passado se deve principalmente a dois fatores: o agravamento da crise política, que afeta a confiança do consumidor, e o aumento da inadimplência daqueles que fizeram financiamento de veículos, o que tem tornado a concessão de crédito ainda mais restrita. “Com isso, o mercado de veículos só deve voltar ao nível de 2012 (recorde de vendas, com 3,6 milhões de veículos leves) em 2023”, disse, durante a sétima edição do Fórum da Indústria Automobilística.
Nos dois primeiros meses do ano, a venda de veículos leves acumula queda de 31% ante igual período do ano anterior.
Durante o evento, uma pesquisa foi feita com os participantes sobre qual a previsão de venda de veículos em 2016 (considerando todos os segmentos), em número de unidades. O resultado aponta que 55,7% apostam em um mercado inferior a 2 milhões de unidades. Outros 41% esperam algo entre 2 milhões e 2,5 milhões. Apenas 3,3% projetam venda superior a 2,5 milhões. No ano passado, o volume foi de 2,569 milhões de unidades, dos quais 2,476 milhões eram leves.