Economia

Juros futuros fecham em alta, refletindo cautela com quadro político

Os juros futuros encerraram esta quarta-feira, 25, em alta expressiva, refletindo o aumento das preocupações com o cenário político doméstico, após a divulgação da conversa gravada pelo ex-presidente do Transpetro Sérgio Machado com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), sobre uma mudança na lei de delação premiada. Os receios foram potencializados pelo fato de que hoje é véspera de feriado prolongado de Corpus Christi. Amanhã, o mercado doméstico estará fechado, enquanto no exterior tudo funciona normalmente. Na sexta-feira a emenda do feriado vai tirar muitos players das mesas de operações, enquanto a agenda de eventos e indicadores nos EUA será forte.

Ao término da negociação regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2017 estava em 13,690%, de 13,685% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2018 marcava 12,93%, de 12,87% no último ajuste. O DI janeiro de 2019 subia de 12,68% para 12,78%. Nos longos, o DI janeiro de 2021 subiu de 12,61% para 12,74%.

“O mais relevante do dia foi a preocupação com o quadro político. O mercado se assustou com o áudio do Renan e o que pode vir adiante”, disse Leonardo Monoli, sócio-diretor da Jive Asset. “Tem todo o sentido essa postura mais cautelosa numa véspera do feriado”, afirmou. Na sexta-feira, nos EUA sai o resultado da segunda estimativa para o PIB do primeiro trimestre e haverá discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen.

Em diálogo divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo, Renan diz a Machado que é preciso impedir que alguém preso se torne delator. “Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação e estabelece isso”, disse. Uma vez que o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, homologou a delação premiada de Sérgio Machado, há preocupação de que novas denúncias atinjam mais membros do governo que acaba de assumir.

Pela manhã, prevaleceu um viés de baixa nas taxas, em reação à aprovação da mudança da meta fiscal 2016 para um déficit primário de R$ 170,5 bilhões do Governo Central, pelo Congresso Nacional, hoje. Mas o sinal foi abalado posteriormente pela pressão das operações de proteção relacionadas ao leilão de papéis prefixados do Tesouro, e as taxas passaram a ter leve alta. Passado o leilão, as taxas, que normalmente devolvem o avanço depois da oferta do Tesouro, ampliaram a alta, primeiramente com as máximas do dólar e depois com o aumento do receio com o quadro político.

O Tesouro Nacional vendeu todo o lote de 10,5 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) em três vencimentos, com volume financeiro total de R$ 8,195 bilhões.

Nesta tarde, o Ministério do Trabalho informou que o saldo líquido do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) em abril ficou negativo em 62.844 vagas. O dado veio dentro do esperado pelos analistas consultados pelo AE Projeções, que era de fechamento de 2 mil a 149,4 mil postos, mas pior do que apontava a mediana de corte de 51,4 mil vagas.

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