Em sua primeira entrevista depois de ser nomeado para o Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, rebateu o ex-ministro Joaquim Levy ao dizer que neste ano foram feitas importantes reformas. Barbosa citou o endurecimento das regras para ter acesso aos benefícios trabalhistas e previdenciários, o Plano de Proteção ao Emprego (PPE) e a possibilidade de acordos de leniência com empresas investigadas em esquemas de corrupção como exemplos de “reformas” que foram feitas em 2015.
Em entrevista ontem à noite ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Levy afirmou que “o governo parece ter medo de reformas”. Barbosa, porém, disse, assim que foi indicado para o cargo, que “há várias iniciativas em andamento”.
Ele admitiu, porém, que é preciso avançar mais nas reformas estruturais de longo prazo, a partir do controle dos gastos obrigatórios. “Avançamos no controle de gastos discricionários. Precisamos avançar mais nos gastos obrigatórios”, afirmou. Ele citou que a principal dessas reformas é a da Previdência, cujos gastos consomem 47% do orçamento. Segundo Barbosa, o governo está construindo uma reforma da Previdência a partir da chamada fórmula 85/95 pontos (soma da idade mais o tempo de contribuição).
As reformas são necessárias, segundo o ministro, para estabilizar e diminuir a dívida pública, o que ajudaria o combate à inflação.
Barbosa disse também que estão sendo estudadas medidas para melhorar o ambiente de negócios e aprimorar o funcionamento do mercado.
“A economia brasileira tem expertise para superar os desafios. Se cada um fizer sua parte, vamos conseguir superar os desafios de hoje mais rapidamente que as pessoas esperam”, completou.
Variação cambial
Barbosa comentou ainda a atual situação cambial do País e disse que a depreciação do real foi gerada por fatores externos e internos. Ele ponderou que, apesar da variação cambial ter impacto sobre inflação, ela promove aumento da competitividade. “O comércio exterior já está contribuindo para recuperação da economia brasileira”, disse, ressaltando que o saldo comercial este ano deve ficar acima de US$ 15 bilhões.
Barbosa afirmou que o desafio é promover estabilização e recuperação do investimento e transformar oportunidades em renda. “Esse é o compromisso”, disse.
O novo ministro da Fazenda disse ainda que o governo vai continuar trabalhando pelo reequilíbrio fiscal e também para controlar a inflação e pela retomada do crescimento. “Isso envolve aprovação de iniciativas no congresso nacional”, disse.